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Menos números, mais valor
Grandes empresas destacam em seus balanços ativos intangíveis como marca, capital intelectual, capacidade de inovação e carteira de clientes

O Brasil ainda não tem regras que exijam a divulgação de ativos intangíveis pelas companhias de capital aberto. Mesmo assim, cresce entre as empresas a percepção de que é importante reportar a seus acionistas informações sobre ativos que, embora não contabilizados no balanço, também contribuem para sua sustentabilidade e para a geração de resultados futuros. A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) foi a primeira empresa a divulgar informações sobre seus ativos intangíveis, no Relatório Anual de 2002. Telemar e Banco do Brasil publicaram, no Relatório de 2003, um capítulo sobre o tema.

Para a CST, a divulgação dos ativos intangíveis e da estratégia da companhia é uma forma de levar os analistas a traduzir essas informações. “O maior desafio dos gestores é passar uma quantidade de informações suficiente para que o próprio mercado chegue a um preço justo para os seus ativos”, avalia o gerente de relações com investidores da CST, Christiano Woelffel Furtado.

Desde o relatório de 2002, a CST informa os ativos intangíveis também nos resultados trimestrais. Destaca questões como o treinamento de funcionários, a qualidade da direção e dos processos, governança corporativa, eco-eficiência e especialização na produção de aço. O executivo acredita que, com essa iniciativa, o valor de mercado, de R$ 4,3 bilhões em março, ultrapasse o valor contábil, de R$ 5,922 bilhões.

Em geral, as empresas ressaltam entre os ativos intangíveis a marca, pela sua capacidade de alavancar vendas, o capital intelectual, a inovação em tecnologia, os modelos de gerenciamento de risco e a base de clientes. “É difícil precificar o valor de uma marca. Mas ela é fundamental na venda de uma empresa ou na colocação de um produto no mercado”, avalia o gerente de RI do Banco do Brasil, Marco Geovanne Tobias da Silva.

VALORES QUE FAZEM DIFERENÇA – No relatório anual e de responsabilidade sócio-ambiental do Banco do Brasil, Geovanne destacou a forte presença da instituição no país, a expertise nos mercados em que atua, o sistema de gerenciamento de riscos e, principalmente, a qualificação do capital humano. Para reportar as vantagens competitivas do BB, o relatório também mencionou uma campanha realizada para aposentados, pensionistas do INSS e pequenos poupadores, que capturou mais de 580 mil novas contas em apenas quatro meses. Segundo Geovanne, o objetivo era transmitir os valores escondidos, difíceis de quantificar, mas que fazem a diferença.

A Telemar também publicou um capítulo sobre os ativos intangíveis. Para o diretor de RI da empresa, Roberto Terziani, destacam-se, além da marca, a política de transparência, os projetos de responsabilidade social, o modelo de gestão, a carteira de clientes e a liderança no mercado. “Os investimentos realizados nestes ativos são várias vezes superiores ao valor contabilizado”, avalia. Para Terziani, a precificação dos intangíveis de uma companhia está demonstrada na diferença entre o seu valor de mercado e de patrimônio.

Embora acredite que o preço das ações reflita o valor dos ativos intangíveis, Terziani ressalva que as crises econômicas são sempre um motivo para distorcer o valor real da empresa. “Três ou quatro meses atrás o valor de mercado da Telemar era da ordem de US$ 6 bilhões. Hoje, varia em torno de US$ 5 bilhões, sem que os ativos intangíveis tenham perdido valor. Foram os investidores que saíram do mercado por conta da crise internacional e da variação do dólar no Brasil”, justifica.

JEITO NOVO DE REPORTAR RESULTADOS – O sócio da PricewaterhouseCoopers, Ivan Clark, avalia que um dos principais motivos de insatisfação do mercado com o modelo tradicional de divulgação de dados contábeis é a falta de informação sobre o futuro. “As informações contábeis falam do passado, mas não consideram fatores de mercado, inflação, concorrência e outras questões. Informações do passado são importantes para estabelecer tendências, mas, nem sempre, são boas medidas para projetar o futuro”, avalia Clark.

O executivo acredita que, hoje, a precificação das ações ainda é resultado de uma tentativa do mercado de “adivinhar” o valor dos ativos intangíveis. Na falta dessas informações, muitas vezes os investidores não atribuem valor a elementos como o potencial do capital intelectual ou a inovação tecnológica, capazes de gerar caixa e dividendos.

“É difícil precificar o valor de uma marca. Mas ela é fundamental na venda de uma empresa ou na colocação de um produto no mercado”

Para aproximar as informações usualmente divulgadas pelo mercado daquelas que os investidores efetivamente precisam saber para atribuir valores mais justos às companhias, a PricewaterhouseCoopers criou o modelo de ValueReporting. Através dessa metodologia, ela incentiva empresas a prestar informações relacionadas à dinâmica do mercado em que atuam, estratégia e ativos intangíveis, com o intuito de demonstrar iniciativas voltadas a criar valor para os acionistas.

QUATRO PASSOS PARA COMUNICAR MELHOR – O ValueReporting define quatro premissas para uma comunicação adequada das companhias com seus investidores. Em primeiro lugar, é importante informar a visão da administração sobre o mercado em que a empresa atua – concorrência, regulamentação e cenários macro-econômicos. Em segundo, a empresa deve descrever com o maior detalhamento possível sua estratégia para competir no mercado e as respectivas metas, objetivos e diretrizes de planejamento.

O terceiro aspecto sugerido pela Price é a comunicação da performance financeira da companhia e do segmento em que atua, além dos fatores de risco do negócio verificados pela gestão. Por último, um detalhamento dos ativos intangíveis como capacidade de inovação, marca, carteira de clientes, rede de fornecedores, capital humano e imagem de marca no mercado.

Comunicação adequada e moderna é essencial para que investidores tenham condições de atribuir valores mais justos às ações

A executiva Fanny Schwarz, diretora da Symnetics – afiliada exclusiva para a América Latina da Balanced Scorecard – ressalta que a escolha dos indicadores para a gestão de uma empresa também não deve se restringir a informações econômico- financeiras. O Balanced Scorecard (um conjunto de indicadores balanceados de desempenho) é uma metodologia que visa o desenvolvimento de processos que possibilitem “contar a história” das estratégias, de forma a monitorá-las e fazer os ajustes necessários.

Uma forma de reportar, portanto, ativos intangíveis como competitividade e capital intelectual. “Quando a empresa consegue definir os objetivos estratégicos em quatro perspectivas – financeira, mercadológica, processos internos e aprendizado e inovação – ela cria valor com os ativos intangíveis”, explica.


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