Criada no ano passado pela BM&FBovespa, a Câmara Consultiva do Mercado Imobiliário começa a colocar em prática seus projetos de desenvolvimento dos produtos financeiros lastreados em imóveis. Um deles é aperfeiçoar a negociação das Cédulas de Crédito Imobiliário (CCIs), títulos representativos de crédito imobiliário que podem ser emitidos diretamente pelo credor e são usualmente cedidos para lastrear emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). “Um dos objetivos é garantir que alterações no lastro do papel sejam refletidas no ativo securitizado”, explica Marta Alves, diretora executiva de produtos da BM&FBovespa.

Para viabilizar essa proposta, o grupo de trabalho busca soluções de integração das informações já disponíveis nos cartórios de imóveis com os negócios realizados no mercado secundário. O intuito é garantir que alterações na qualidade do lastro possam ser refletidas nos negócios secundários. O projeto está em fase embrionária e ainda mapeia as necessidades dos diversos participantes do mercado. Outra frente de trabalho da BM&FBovespa é estudar formas de as pessoas físicas usarem seus imóveis como garantia de empréstimos. “Se facilitarmos esse acesso, será bom para todo o sistema financeiro”, observa Marta. O modelo não é explorado no Brasil apesar de usual em outros países, como os Estados Unidos. Para a pessoa física, o imóvel facilita o acesso a recursos extras enquanto, para os bancos, é uma garantia real que reduz os custos da operação.

O pano de fundo do esforço feito pela bolsa é a atratividade de todo o mercado secundário de renda fixa, historicamente baixa. A carência de produtos padronizados é outro tema a ser discutido. Sem características comuns de estruturação, os títulos atualmente negociados exigem um esforço de análise que, para muitos aplicadores, não combina com o montante a ser investido.