Ao buscar ativos fora de seu país, investidores se pautam pelas referências de governança que trazem de casa. De modo geral, eles tendem a buscar companhias que repliquem um modelo já conhecido, especialmente no que se refere a eventuais desalinhamentos entre propriedade e controle. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada pelo National Bureau of Economic Research (NBER), em janeiro deste ano, intitulada How does corporate governance risk at home affect investment choices abroad?

Dois pesquisadores de universidades coreanas e um de Columbia (NY) avaliaram o comportamento de investimen- tos estrangeiros na Coréia do Sul. De maneira geral, concluíram que há uma aversão desses aplicadores às companhias cujos principais acionistas apresentam forte disparidade entre propriedade e controle. Mas, olhando caso a caso, notaram que apenas os investidores de países caracterizados por reduzida disparidade neste aspecto (os norte-americanos, por exemplo) parecem realmente desgostar das empresas com alta disparidade. Aqueles que provêm de países com elevada disparidade não demonstram se preocupar com o tema.

Os pesquisadores observaram também que a rejeição é um fenômeno recente, mais precisamente posterior à crise financeira da Ásia, em 1997. Antes disso, tal aversão não se manifestava. Observaram ainda que, entre os investidores de países que conhecem bem a disparidade entre controle e propriedade, a indiferença não é generalizada. Dentro desse grupo, a aversão é demonstrada por investidores de países regidos por um sistema legal de origem anglo-saxão (common law). Já os investidores de países que provêm do sistema romano (civil-law) não ligam para este perigoso desalinhamento de interesses.