A CVM registrou este ano, até 27 de abril, a emissão de mais de R$ 18,2 bilhões em ações, o equivalente a 67% dos quase R$ 27 bilhões captados ao longo de 2006. No entanto, IPOs recentes deram ao mercado a sensação de que o apetite por ações das novatas pode estar caindo.

Em março, a construtora e incorporadora Even cancelou sua oferta secundária de ações e reduziu o intervalo de preço estimado no prospecto. No começo de abril, a Atmosfera anunciou a suspensão de sua oferta por tempo indeterminado. Alguns dias depois, o preço fixado no bookbuilding da JHSF saiu no piso previsto e ela cancelou a oferta secundária. Já o conselho de administração da Company decidiu, no dia 26 de abril, suspender as ofertas de ações que havia anunciado em fevereiro.

A construtora atribuiu a decisão às condições desfavoráveis do mercado. Optou por uma emissão de R$ 75 milhões em debêntures para assegurar os recursos necessários à continuidade do seu plano de investimentos. Do lado oposto, foi um sucesso a estréia da Agra Incorporadora, também no dia 26. No primeiro dia de negociação, a ação ordinária subiu 6,47%.

Estaria, então, o mercado selecionando as companhias com base em novos critérios? Na verdade, os investidores — principalmente os estrangeiros, que absorvem cerca de dois terços do volume ofertado nos IPOs — continuam em busca do mesmo, ou seja, uma conjugação satisfatória entre retorno, risco e liquidez. Alguns setores, porém, já não têm o mesmo desempenho projetado há poucos anos. “Hoje, investir em uma empresa imobiliária levará em conta uma realidade diferente da que tínhamos três anos atrás. Não tem a ver com um maior ou menor apetite para os IPOs”, explica Arleu Anhalt, presidente da Firb, consultoria em RI.

Entre os setores abertos a um fluxo mais intenso de investimentos atualmente está o de agribusiness. “O Brasil tem vantagens competitivas significativas, tanto no segmento de biocombustível quanto no de alimentos”, afirma Francisco Turra, da consultoria Integral Trust.