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Intervenção traumática

, Intervenção traumática, Capital AbertoO mercado financeiro amanheceu em choque na quarta-feira 17 de abril de 1974.
O Banco Halles, um dos mais agressivos da época, com 104 agências no País, não abriu as portas, por intervenção do Banco Central. Era o cartão de visitas do governo Geisel, que tomara posse em 15 de março. Em período marcado por forte autoritarismo e cercado de segredos de Estado, desde 1967, o ministro da Fazenda Delfim Netto ganhou tantos poderes que ficou conhecido como o “czar da economia”. Em sete anos, nunca tinha ocorrido um trauma daquela ordem. Naqueles tempos “discricionários”, o regime não admitia o fracasso da quebra de um banco. Eventuais tropeços eram rapidamente resolvidos através de “soluções de mercado” — o governo se encarregava de oferecer vantagens a quem comprasse os ativos problemáticos.

O grupo Halles surgira, em São Paulo, no boom de financeiras do início dos anos 1960. Seu fundador, Francisco Pinto Jr., era um personagem interessante, que gostava de dizer que o nome de sua empresa derivava do sânscrito. Com uma política vigorosa de colocação de letras de câmbio, principal produto de captação de recursos na época, cresceu vertiginosamente em todos os setores do mercado financeiro. Ele se destacou, inclusive, na indústria de fundos mútuos de investimento, cujo gestor era Stanislaw Szaniecki, jovem imigrante polonês formado em medicina, mas habilíssimo especulador em bolsa, qualidade que o guindou àquela posição. Szaniecki terminou por assumir o controle do grupo, o qual exercia no momento do desenlace.

Uma das peculiaridades do Banco Halles era sua fantástica coleção de arte. Em negociação posterior aos acontecimentos de abril de 1974, o Banco Central incorporou a seu acervo 13 painéis originais, em grande formato, de Cândido Portinari, incluindo os 12 da série Cenas Brasileiras, que havia sido encomendada por Assis Chateaubriand para decorar a sede de sua revista O Cruzeiro. O outro, também imenso, retratava o descobrimento do Brasil e fora pintado para a matriz do Banco Português do Brasil, na Rua 1º de Março, no Rio.

A intervenção do Banco Central demarcou o início de uma sequência interminável de liquidações extrajudiciais, ou “soluções de mercado”, em instituições financeiras, nas décadas de 1970 e 1980. Quatro meses depois do Halles — que acabou absorvido pelo então Banco do Estado da Guanabara, mais tarde, Banerj —, foi a vez do Banco União Comercial, braço financeiro das organizações petroquímicas Unipar. Na sequência, vieram os grupos Áurea e Crecif. O governo Geisel fez questão de deixar claro que a era de acobertamento de desequilíbrios e malfeitos financeiros estava extinta.


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