Poucas companhias foram tão beneficiadas pela expansão do crédito no Brasil quanto a Cetip, terceira colocada no prêmio As Melhores Companhias para os Acionistas 2012, na categoria de empresas com valor de mercado de R$ 5 bilhões a R$ 15 bilhões. Quando o crédito aumenta, os negócios da Cetip expandem-se em progressão geométrica. Um exemplo: suponha que um banco emitiu um certificado de depósito bancário (CDB) para captar recursos e usá-los para conceder financiamentos de veículo. Esse título é registrado na Cetip, e o contrato de empréstimo também. Quem fez o financiamento do veículo, por sua vez, pode emitir uma cédula de crédito bancário (CCB), que fica registrada. A CCB pode ser negociada e essa transação também passará pela Cetip. Cada registro, claro, é pago. “Atribuímos o bom desempenho à combinação de estar na indústria certa, na hora certa, e de ter uma boa administração”, afirma Francisco Carlos Gomes, diretor de relações com investidores da Cetip.
Os registros, porém, são apenas uma das fontes de receita da companhia. A Cetip também ganha pelo serviço de custódia de títulos e pelo uso de seus sistemas para processamento de pagamentos, como as transferências eletrônicas disponíveis (TED) e a Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), pelas instituições financeiras. Hoje, mais de 15 mil instituições utilizam os serviços da Cetip, entre eles, fundos de investimento; bancos comerciais, múltiplos e de investimento; corretoras e distribuidoras.
O crescimento da receita e o aumento das margens ajudaram a Cetip a conquistar o melhor desempenho da categoria no quesito valor econômico adicionado (EVA, na sigla em inglês), com variação positiva de 5,5%. Segundo Gomes, com a expansão no volume de negócios, os custos fixos da Cetip foram diluídos e houve economia de escala. A receita líquida no segundo trimestre de 2012 alcançou R$ 194,1 milhões, 5% maior do que o mesmo período do ano passado. Já a margem Ebitda ajustada manteve-se estável e atingiu 73,5%.
Além de crescer de forma orgânica, a Cetip praticamente dobrou de tamanho com aquisições
Além de crescer organicamente, com a expansão dos registros referentes às operações de crédito e dos serviços de custódia, a Cetip praticamente dobrou de tamanho com aquisições. Em dezembro de 2010, comprou a GRV Solutions e criou uma unidade de financiamento, que faz o registro da alienação fiduciária e dos contratos de financiamento de automóveis. Hoje, ela responde por 40% do faturamento bruto da companhia.
Dadas as perspectivas animadoras, no período avaliado pelo prêmio, os papéis da Cetip subiram 20,9%, enquanto o Ibovespa caiu 15,7%. O retorno econômico da ação (TSR) foi positivo em 10,62%. Gomes ressalta que a intenção é não só remunerar bem os seus acionistas, mas melhorar a infraestrutura e os serviços prestados ao mercado. A Cetip tem importante papel na atividade de autorregulação e na prestação de informações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Banco Central. Com a desmutualização, promoveu um realinhamento dos seus funcionários, equiparando seus salários ao nível do mercado e introduzindo um sistema de bonificação por desempenho.
Em governança, a performance da companhia ficou exatamente em linha com a mediana da categoria, de 5,6. Embora algumas de suas práticas sejam louváveis — o percentual de conselheiros independentes no conselho de administração da Cetip, por exemplo, é superior ao exigido pelo Novo Mercado —, a empresa não tem uma política de transações com partes relacionadas, não possui comitê de auditoria e não adota mecanismos para incentivar a participação dos acionistas em assembleia, como um sistema eletrônico para outorga de procurações, mesmo tendo o capital pulverizado.
Em defesa da companhia, Gomes explica que, desde a desmutualização, em 2008, a Cetip praticamente não tem partes relacionadas. Já a instituição de um comitê de auditoria está sendo discutida como forma de elevar os padrões de governança. Quanto às assembleias, afirma que a equipe de RI entra em contato com os principais acionistas antes desses encontros.
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