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Gringos batem à porta
Depois do investment grade, estrangeiros agitam o dia-a-dia dos RIs de companhias brasileiras

O verão no Hemisfério Norte começou dia 21 de junho, um sábado. O solstício marca o início da temporada mais quente também para aeroportos e hotéis até em lugares onde é inverno, como no Brasil. É quando habitantes da parte mais abastada do globo cruzam o Equador atrás de descanso e diversão. Foi nesse cenário que, já na segunda-feira, dia 23, Will Landers desembarcou no Brasil vindo dos Estados Unidos. Não vestia bermudas, camisa florida ou quaisquer outros estereótipos dos gringos em clima tropical. Landers é gestor especialista em América Latina da norte-americana BlackRock, que aloca mais de US$ 6 bilhões em ativos brasileiros.

Nos cinco dias de sua missão, ele visitou 16 empresas. Era sua terceira visita ao País neste ano. Brasileiro, nascido e criado no bairro paulistano da Vila Mariana, só aos 14 anos mudou-se para os Estados Unidos. Sempre muito interessado em Brasil, ele avalia que o crescimento da classe média, cada vez mais ativa economicamente, vem movimentando o mercado interno de forma expressiva e criando oportunidades de investimentos no País que vão além das blue chips. “Em 2008, vejo que meus colegas gestores estão viajando mais ao Brasil”, afirma.

Landers não está vendo esse movimento sozinho. Profissionais de Relações com Investidores (RI) de empresas brasileiras também acompanham uma movimentação maior dos estrangeiros para cá em 2008, principalmente depois do grau de investimento. “A agenda do nosso time de RI está lotada. Cerca de 30% das pessoas que atendemos hoje são de investidores estrangeiros novatos”, diz Edina Biava, diretora de RI da Perdigão. E o resultado aparece no pregão. No primeiro semestre do ano, a liquidez da ação da companhia cresceu 62% em relação a igual período do ano passado, atingindo um volume diário médio de US$ 29,7 milhões. Somente em maio, primeiro mês após o grau de investimento, as negociações com o papel chegaram a US$ 35,2 milhões ao dia. Hoje, 56% do capital em circulação está no exterior, e a perspectiva de Edina é que esse percentual fique maior nos próximos meses.

A maior procura de estrangeiros também foi sentida na Marfrig. “A intensidade das visitas aumentou gradualmente durante o ano”, diz Ricardo Florence, diretor da área. Na oferta pública inicial (IPO), em julho de 2007, os estrangeiros subscreveram 75% dos papéis. Hoje, já representam 85%. Em um ano como companhia aberta, o RI da empresa se reuniu com mais de 1,6 mil gestores internacionais. Florence observa que, devido ao elevado número de IPOs no ano passado, alguns estrangeiros preferiram não participar de lançamentos. É o momento, segundo Florence, de resgatar esse grupo.

Bruno Fusaro, superintendente de RI da Usiminas, se vê cercado de estrangeiros. No primeiro semestre deste ano, a quantidade de reuniões com investidores de fora saltou 45%. Cresceu também a variedade dos países de origem. Europa continental e Ásia colocam cada vez mais gestores em contato com os RIs das companhias brasileiras. A aproximação é facilitada por conferências de bancos de investimento estrangeiros e road shows. No caso da Usiminas, serão três viagens ao exterior até o fim do ano, para América do Sul, Europa e Ásia. “Meu passaporte está bem cheio”, revela Fusaro.

A experiência permite ao executivo definir o comportamento das nacionalidades que recebe. “O investidor norte-americano tem forte interesse no curto prazo e procura investimentos com retorno rápido. Já o britânico prefere permanecer mais tempo com os papéis.” Um investidor que Fusaro ainda não conseguiu interpretar é o do Oriente Médio. Há algum tempo, os petrodólares patrocinam a movimentação de gestores desses recursos para a Europa e os Estados Unidos. Com o novo momento econômico brasileiro, simbolizado pelo grau de investimento, o País foi incluído no itinerário.

“O interesse aumentou. Gestores têm visto o Brasil como um poço de oportunidades”, confirma o superintendente de RI do Itaú Geraldo Soares. Para o executivo, que também é presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), esse fluxo novo de estrangeiros terá impactos sobre a composição das áreas de RI, com possível abertura de vagas. O maior interesse dos investidores de fora aparece também no volume da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em maio, após o grau de investimento, eles correspondiam a 35,1% dos negócios ante 33,4% em abril.


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