Cerca de 200 companhias norte–americanas, incluindo 42 pertencentes ao principal índice de ações do país, o S&P 500, correm o risco de ter seus planos de remuneração reprovados pelos acionistas em 2012. É o que prevê a GovernanceMetrics International (GMI), em relatório divulgado sobre o primeiro ano em vigor nos Estados Unidos do say on pay — sistema que submete o salário dos executivos ao voto dos acionistas. De acordo com a consultoria de governança, o pacote de remuneração dessas empresas recebeu pelo menos 30% de votos contrários nas assembleias do ano passado, um número suficientemente alto para causar dor de cabeça em votações de companhias de capital pulverizado. A GMI analisou 2.481 empresas integrantes do índice Russell 3000, que compreende 98% dos emissores de ações norte–americanos.

Dentre as empresas cujos planos de remuneração desagradaram boa parte dos acionistas estão Safeway, Pfizer, Abercrombie & Fitch, Allstate e Adobe Systems. Conforme o relatório da GMI, não só as companhias que tiveram seus pacotes de compensação reprovados por maioria em 2011 — cerca de 38% da amostra analisada —, como também as que receberam índices de desaprovação elevados devem rever suas políticas de remuneração com o objetivo de encontrar justificativas mais aceitáveis para o pagamento de bônus e concessões de ações e prêmios.

A GMI também verificou falta de consenso na votação sobre a frequência com que o say on pay deve ser adotado. Mais de 70% dos acionistas das companhias do Russell 3000 votaram para que a opinião sobre os salários seja dada anualmente, mas apenas 50% dos administradores propuseram essa alternativa. Consta nas regras da Securities and Exchange Commission (SEC) que o say on pay pode ser aplicado a cada um, dois ou três anos.

Como o voto é consultivo, os resultados da votação não levam automaticamente a uma mudança no posicionamento da companhia. Até o fim da análise da GMI, apenas 40% das empresas ainda não tinham decidido em qual periodicidade adotariam o say on pay. Daquelas que já haviam definido, 256 implementaram uma votação anual, conforme sugerido pelos acionistas, apesar de a administração recomendar que fosse trienal.