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Por que as empresas devem reforçar suas ações sociais
Letra “S” de ESG ganha força com a pandemia e obriga empresas a irem além da filantropia
Letra “S” de ESG ganha força com a pandemia e obriga empresas a irem além da filantropia em suas ações sociais
Covid-19 trouxe para o centro da discussão as ações sociais das companhias e o tratamento que dão para colaboradores, stakeholders e clientes | Imagem: Freepik

A sociedade civil e o mercado cobram cada vez mais das empresas que incorporem pautas sociais aos seus negócios. Se antes os investidores davam pouca atenção à letra “S” da sigla ESG — referente a práticas ambientais, sociais e de governança —, hoje o cenário mudou completamente. A desigualdade social escancarada pela pandemia em 2020 direcionou o olhar de consumidores e analistas de investimento para o tratamento que as companhias dão aos seus stakeholders — no caso, funcionários, fornecedores, parceiros e clientes. Como consequência disso, as empresas estão tendo que mudar a sua postura e aprimorar o reporte de ações sociais nos seus relatórios.

“A relação com o colaborador, a segurança do cliente, a saúde dos funcionários e outras discussões que antes eram menos urgentes para as companhias hoje são abordadas e cobradas diariamente”, afirma Tereza Kaneta, sócia da Brunswick. Não à toa, casos de racismo ocorridos em 2020 no Brasil e no mundo, como o assassinato de João Alberto por seguranças de um supermercado da rede Carrefour, abalaram profundamente a reputação de companhias envolvidas com esse tipo de escândalo.  

Ações sociais precisam ir além da filantropia

A demora para as questões sociais ganharem a devida relevância no mundo corporativo tem um motivo: antes da covid, várias empresas tratavam o ESG como CSR (corporate social responsibility ou responsabilidade social corporativa, em português). “Nesse contexto, as questões sociais não estavam intimamente ligadas ao negócio. Hoje, falamos sobre o impacto social da companhia em si, e não mais de ações pontuais de doações e filantropia”, observa Kaneta. 

Diretora-adjunta do Instituto Ethos, Ana Lucia Melo concorda com essa visão. Segundo ela, as ações sociais das empresas não podem ficar restritas a momentos adversos como esse — elas devem estar integradas às estratégias de negócio e influenciar as práticas de gestão, promovendo maior transparência. “A atual crise sanitária, econômica e social evidencia a necessidade de olhar para soluções alinhadas aos princípios ESG. Isso influencia uma avaliação e uma revisão da cultura das empresas para que ela seja mais voltada à prevenção e a um desenvolvimento socioambiental sustentável”, afirma.


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Esse movimento é observado de forma bastante positiva por Laura Vélez, analista ESG da Fama Investimentos. Ela explica que as ações que as empresas têm em relação à sociedade são extremamente relevantes, pois mostram que estão cumprindo a sua função social. Não basta, entretanto, que as companhias cuidem desse aspecto apenas da porta para fora. “Como as empresas ajudaram seus fornecedores durante a pandemia? Elas ofereceram ajuda de que tipo? Como elas estão cuidando de seus funcionários?”, questiona.

Mensurar e implementar indicadores sociais é desafiador, mas necessário

Reportar esse tipo de informação, entretanto, não é algo trivial para as companhias. Segundo Kaneta, apesar de haver uma série de indicadores taxonômicos que as empresas podem utilizar para prestar contas sobre suas ações sociais, a falta de padronização dificulta esse trabalho. Esse cenário adiciona também uma complicação para os investidores. “Como cada empresa pode usar uma metodologia específica para reporte, olhar apenas para os indicadores não é suficiente”, sublinha Vélez, acrescentando que essas métricas só demonstram a realidade das empresas quando observadas em conjunto com outros fatores. “É essencial entender qual a cultura da empresa e como ela procura incorporar as pautas sociais. É muito rico fazermos análises quantitativas, mas sempre com um olhar transversal, com uma visão holística”, destaca.

Essa análise aprofundada é fundamental para que casos de washing — que em bom português poderia ser traduzido como “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” — não passem despercebidos. “Muitas empresas dizem que prezam por diversidade e inclusão, mas basta olhar para a sua gestão para ver que todos os diretores e administradores são homens brancos”, afirma Kaneta. 

Vélez ressalta ainda que a sociedade e os investidores não querem saber somente quantas mulheres ou quantos negros trabalham numa companhia, mas sim quais são as suas ações para ouvir e criar um espaço que insere e respeita essas pessoas. Por isso, na sua opinião, as empresas que praticarem washing não apenas sofrerão boicotes de clientes, mas também perderão funcionários que não se alinharem com a sua postura.


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