O historiador, ex-corretor de valores e colunista da CAPITAL ABERTO Ney Carvalho conhece como poucos as raízes que moldaram o mercado de capitais brasileiro. Algumas marcas, avalia, persistirão nos próximos anos, como a forte presença do Estado na economia, seja por meio das grandes companhias de economia mista, seja pela concorrência “desonesta” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como financiador das empresas. O historiador também faz críticas ao sistema de distribuição de valores mobiliários atual, calcado na rede bancária. “Precisamos montar um sistema capilar, que será feito a partir da refundação da profissão do agente autônomo.”
Mão do Estado
“As estatais são um problema e não é de hoje. Se eu tivesse alguma influência, nem admitiria a listagem dessas companhias. Elas que se sustentem com os recursos do governo. Também jamais compraria a ação de uma empresa estatal no Brasil. Quem adquiriu papel da Petrobras está perdendo dinheiro e vai continuar assim. Na Eletrobrás é a mesma coisa. Essas empresas atendem a interesses políticos, mas economia é eficiência. E não vejo melhora. Será daí para pior, enquanto o dono for o governo.”
BNDES
“O grande inimigo do mercado de capitais é o BNDES. Ele é um competidor desonesto. Ninguém escolhe melhor [quem deve ser financiado] do que o mercado. Não há de ser o burocrata do BNDES que vai decidir. É impossível competir com quem empresta dinheiro a juros subsidiados.”
Burocracia
“O grande problema do País é uma coisa que ninguém percebe: o mau funcionamento do Estado deriva da estabilidade do funcionário público. Ele só precisa de eficiência no concurso de admissão. Daí para a frente, torna-se dono do seu emprego. Isso é incorrigível.”
Corporations
“As empresas brasileiras, até 1930, não tinham dono. Elas eram realmente sociedades anônimas. Isso só acabou em 1932, com a criação das ações preferenciais. O número de empresas com capital pulverizado está crescendo, e esse movimento continuará. O que faz a diferença numa companhia, entretanto, é ter boa governança, não a existência ou ausência de dono. A Petrobras tem dono e é um desastre.”
Tamanho do mercado
“Precisamos montar um sistema de distribuição capilar, a partir da refundação da profissão do agente autônomo.
O ponto fundamental é: não existe uma escola que ensine a venda de investimentos no Brasil, da mesma forma como o fazem as escolas para corretores de seguros ou de imóveis. É preciso encarar que se trata de um profissional a ser treinado. Se não houver uma rede para criar capilaridade, o mercado nunca será grande.”
Novos ativos
“Os ativos são consequência da existência da rede de distribuição. À medida que essa rede se formar, ela precisará ser alimentada por novos produtos. É a rede que puxa os ativos.”
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