Operações que envolvem partes relacionadas não poupam estorvos. Ciente disso, o conselho de administração da Tractebel Energia tratou de criar, em outubro de 2010, um comitê especialmente dedicado a avaliar essas transações. A iniciativa surgiu como uma resposta à desconfiança dos acionistas minoritários em relação aos R$ 604 milhões pagos pela Tractebel à sua controladora, o grupo GDF Suez, para adquirir os direitos de operação da hidrelétrica de Estreito, localizada no Maranhão. O valor proposto era duas vezes maior que o investido originalmente pela GDF. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entendeu, à época, que a controladora estava em situação de conflito de interesses e, por essa razão, não poderia votar na assembleia que deliberaria sobre a negociação.

O comitê foi posto em prática no primeiro semestre deste ano. Sua tarefa foi avaliar os contratos de compra da energia excedente que será gerada pela hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Como a GDF é dona de 50,1% da hidrelétrica, o comitê da Tractebel Energia foi acionado. “O mercado reagiu positivamente à presença do comitê. Não houve insatisfação dos acionistas e nenhum outro susto”, diz Maurício Bähr, presidente do conselho de administração da Tractebel Energia. O estudo feito pelo comitê, segundo ele, deu transparência à transação e conforto aos envolvidos na operação.

Formado por dois conselheiros independentes e pelo diretor de comercialização da Tractebel, o comitê teve o intuito de evitar que a controladora tirasse mais vantagens do que o necessário na operação. “Agora, os acionistas têm à disposição regras, parâmetros e limites mais claros”, conclui Bähr. O maior teste do comitê, contudo, virá no fim de 2012, quando está prevista a transferência da participação da GDF Suez na hidrelétrica de Jirau para a Tractebel Energia.