O termo governança corporativa anda dando arrepios nos reguladores japoneses. Um escândalo financeiro envolvendo a fabricante de câmeras e equipamentos de precisão Olympus expôs, claramente, as fraquezas do país nessa área. Tudo começou em outubro, quando o então presidente da empresa, Michael Woodford, foi demitido. O afastamento, conforme a Olympus, estaria ligado ao estilo de gestão do executivo, que não combinava com o da companhia, mas não foi isso que Woodford disse à imprensa internacional.
Ele declarou que sua demissão ocorreu após enviar ao presidente do conselho de administração, Tsuyoshi Kikukawa, uma carta mencionando “uma série de erros calamitosos e julgamentos excepcionalmente falhos” feitos pela administração anterior, que resultaram em “perda no valor das ações de US$ 1,3 bilhão”. Dentre os equívocos cometidos, estaria o pagamento de US$ 687 milhões a consultores na compra da produtora de equipamentos médicos Gyrus, o equivalente a cerca de 36% do valor da transação. Posteriormente às denúncias, Kikukawa que, inicialmente, negou as acusações, renunciou ao cargo.
De acordo com a consultoria GovernanceMetrics International (GMI), o episódio mostrou a ineficiência do board da Olympus em supervisionar, de forma independente, a diretoria em nome dos acionistas — situação que pode, segundo a GMI, estar acontecendo também em outras companhias nipônicas. Dados da consultoria revelam que apenas 3% das maiores empresas de capital aberto japonesas têm conselhos majoritariamente compostos de independentes. O percentual médio desses membros nos boards não costuma ultrapassar 20% — um dos motivos pelos quais, num ranking de governança de 38 países divulgado pela GMI, o Japão aparece em 33º lugar, atrás, inclusive, de Rússia e China.
No caso da Olympus, afirma a GMI, dos 14 conselheiros, apenas três eram independentes. Nenhum dos integrantes do trio tinha experiência na indústria de eletrônicos ou conhecimento sobre gestão de risco.
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