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Gestores de recursos brasileiros saem em busca de ativos no exterior para compensar o desempenho pífio do mercado local

, Pelo mundo, Capital AbertoCom a perspectiva de queda da taxa de juros no longo prazo e a bolsa brasileira cambaleando há mais de três anos, o investimento no exterior se torna uma alternativa de diversificação cada vez mais atraente. Enquanto o Ibovespa desvalorizou 22,9% entre 17 de outubro de 2010 e a mesma data deste ano, o americano S&P 500 subiu 47,4% e o londrino FTSE 100, 15,3%. Não é de se estranhar, portanto, a iniciativa de diversas gestoras que lançam fundos para explorar oportunidades no mercado internacional. Demanda para esse tipo de investimento não falta. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a captação líquida mensal dos fundos dedicados a aplicar 100% de seu patrimônio fora do País, regulados pela Instrução 409/04 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cresceu de R$ 4,9 milhões para R$ 56,9 milhões entre setembro de 2012 e agosto de 2013.

A STK Capital lançou, em setembro, o STK Global FIA, fundo de investimento em ativos internacionais para brasileiros. Restrito aos chamados investidores superqualificados — aqueles com aplicações financeiras superiores a R$ 1 milhão —, o veículo tem R$ 55 milhões em patrimônio. Desse total, 70% estão alocados em papéis de companhias americanas e 30% em ações de empresas europeias, mais especificamente de Inglaterra, Alemanha e Suíça. “Escolhemos esses mercados por conhecê-los bem”, explica Daniel Grozdea, gestor do STK Global FIA.

A equipe de investimento do fundo, composta de nove brasileiros, viaja com frequência para os Estados Unidos e a Europa, com o intuito de conhecer in loco as empresas selecionadas e validar suas escolhas. “Visitamos a companhia, seus parceiros e às vezes até os concorrentes”, conta o gestor, que desde 1997 analisa e investe em ações desses países. Nos últimos 12 meses, a equipe participou de nada menos que 380 reuniões presenciais com executivos das empresas estrangeiras investidas.

De acordo com Grozdea, o fundo prioriza o aporte em companhias globais que apresentem potencial de geração de receita em três a cinco anos e possuam um time de gestão competente, formado de executivos com histórico de sucesso em outros negócios. Também são valorizadas as empresas envolvidas em processos de mudança e reestruturação. “Em geral, são companhias que estão iniciando suas operações em um mercado novo, com boas oportunidades de atuação, e cuja estratégia de entrada ainda não foi precificada”, afirma.

Um dos papéis integrantes do STK Global FIA é o da americana Time Warner. O conglomerado de mídia tem investido na estruturação de plataformas digitais e em produções exclusivas, como as realizadas pela subsidiária HBO. “Essa estratégia trará muita visibilidade para a empresa nos próximos cinco anos”, avalia Grozdea. Nos 12 meses encerrados em 9 de outubro, o papel da Time Warner valorizou 42,7%.

Quem também está com os olhos voltados para o exterior é a HSBC Global Asset Management Brasil. O Global Balanced e o Global Dynamic, lançados em maio, compram cotas de fundos de renda fixa e variável voltados a ativos de países desenvolvidos (Estados Unidos e Europa Ocidental), emergentes (principalmente México e China) e em “novas fronteiras”. O termo é atribuído a nações localizadas na África e na Ásia que, na sua visão, apresentam potencial para se tornarem emergentes nos próximos anos — por exemplo, Catar, Nigéria, Paquistão e Quênia. Dedicados unicamente aos investidores superqualificados, os fundos acumulam cerca de R$ 170 milhões de patrimônio.

Adilson Ferrarezi, diretor de multimanager da HSBC Global Asset Management Brasil, explica que, em cada um desses mercados, a gestora enxerga uma oportunidade. Na China e no México, busca negócios que possam se beneficiar do crescimento desses países: enquanto o PIB do país presidido por Enrique Peña Nieto subiu 4% em 2012, a segunda maior economia do mundo avançou 7,8%. Nas “novas fronteiras”, o interesse é alocar recursos em companhias com potencial de retorno superior ao de suas equivalentes em mercados emergentes e desenvolvidos. Já nos Estados Unidos e na Europa, o foco são os ativos depreciados pela crise.

Em agosto, a M Square também entrou na onda dos fundos exclusivos para investimento no exterior. Abriu o M Square Global Equity Manager, veículo multimercado cujo objetivo é comprar cotas de fundos que invistam em ações de empresas americanas e europeias. “Nosso alvo são carteiras chefiadas por gestores com bom histórico. Elegemos esses mercados por entender que são menos vulneráveis às intempéries da economia internacional do que os emergentes”, observa Arthur Mizne, sócio da gestora. Para selecionar os fundos, a equipe de investimento internacional da M Square, formada por quatro integrantes, viaja constantemente para esses países.

Sucursal
Quando o mercado a ser desbravado fica do outro lado do mundo, ter uma equipe local pode fazer mais sentido. Em setembro, a Victoire Brasil, gestora especializada em renda variável, declarou que não só lançará um fundo com captação no Brasil dedicado a papéis de companhias asiáticas como também abrirá uma butique de investimento no continente, mais precisamente em Hong Kong. A Victoire Asia Investments contará com equipe própria, liderada pelo brasileiro de origem taiwanesa Aquico Wen. Especialista em mercados emergentes, ele terá 50% de participação no negócio; a outra metade será da gestora.

Como a abertura da butique asiática ainda aguarda a aprovação dos órgãos reguladores locais, o primeiro fundo da Victoire voltado à compra de ações asiáticas será lançado pela asset brasileira. A estratégia é identificar bons ativos que não estejam precificados adequadamente em países emergentes com elevados índices de crescimento: é o caso de China, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia.

A precursora da estratégia de abrir um escritório fora do Brasil foi a carioca Dynamo, em 2006. A gestora tem uma equipe em Londres responsável por administrar o Dynamo Fund, que adquire papéis de empresas americanas e europeias e tem como cotistas investidores estrangeiros. Desde o ano passado, sua carteira começou a ser replicada pelo Global FIA, fundo de investimento no exterior direcionado ao público brasileiro.

Segundo Felipe Campos, sócio-diretor da Dynamo, o Global FIA busca aportar recursos em companhias com um time de gestão reconhecido e que estejam alinhadas à visão de investimento de longo prazo da gestora. Entre as empresas cuja ação integra o fundo está a Brenntag, multinacional alemã de produtos químicos que viu seu papel valorizar 20,3% entre o início do ano e 16 de outubro. Campos diz que a companhia, presente em mais de 70 países, une alta qualidade de serviço com grandes margens de rentabilidade. Também faz parte do Global FIA a suíça Schindler, que presta serviços de manutenção de elevadores. Assim como a Brenntag, a companhia possui atuação internacional. “Focamos em negócios globais, rentáveis e que sejam líderes de mercado em outros países”, explica o gestor. De janeiro a 16 de outubro, o papel da Schindler valorizou 17%. O investimento mínimo do Dynamo Global FIA é de R$ 1 milhão.

No limite
Diante do aumento do apetite dos brasileiros por investimentos no exterior, um dos pleitos do mercado é a elevação do teto para compra de ativos estrangeiros pelos fundos multimercados. Conforme as regras da Instrução 409, esses veículos podem ter até 20% de seu patrimônio alocado em ativos estrangeiros; no caso dos fundos de ações, o percentual cai para 10%. A exceção são as carteiras destinadas a investidores superqualificados, que não possuem limite de aplicação no exterior. “Essas restrições privam o investidor brasileiro de conhecer produtos mais sofisticados lá fora e diversificar seu portfólio de investimento”, afirma o advogado Fábio Augusto Cepeda, do escritório Cepeda, Greco & Bandeira de Mello.Em seminário promovido pela Anbima em agosto, ele sugeriu que os limites de investimento no exterior fossem ampliados para 49% tanto nos fundos multimercados quanto nos de ações. “Dessa forma, os fundos manteriam a maior parte do patrimônio no mercado local, sem deixar de aproveitar as oportunidades que estão surgindo em outros países”, defende. Outra questão proposta pelo mercado é a redução do valor da aplicação mínima (R$ 1 milhão) para ingresso nos fundos com investimento ilimitado de recursos no exterior.Em declarações recentes, a Anbima e a CVM disseram que devem alterar a Instrução 409, mas não especificaram quais pontos serão passíveis de reforma. (A.R.)

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