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Ativos globais são fator-chave para expansão da gestão de fortunas
Alex Silva*

Alex Silva*

A indústria de wealth management vem evoluindo bastante no Brasil. O ritmo de crescimento, no entanto, é bem menos intenso que o registrado entre 2009 e 2012. O mau desempenho da economia, principalmente com a contração do PIB, ajuda a explicar uma expansão mais tímida da geração de riqueza nesse período. Mas o fato é que, ainda que as perspectivas melhorem e a indústria cresça, é preciso concentrar esforços no aprimoramento de alguns pontos, de forma que a indústria se desenvolva no País e alcance patamares globais.

Um desses aspectos que precisam melhorar é a concentração dos investimentos em ativos locais. O baixo acesso a investimentos no exterior — tendo em vista restrições regulatórias — dificulta uma diversificação adequada de moedas e ativos na carteira do investidor. A famosa teoria de “não colocar todos os ovos na mesma cesta”, portanto, não se aplica na prática.

No mercado interno, as taxas locais se mantêm atrativas e continuarão garantindo resultados positivos. Títulos atrelados à inflação e papéis pré-fixados ainda oferecem bons retornos. A diversificação e o acesso global, entretanto, são sempre positivos para as carteiras. No longo prazo, essa estratégia reduz a volatilidade do portfólio e, como consequência, proporciona resultados superiores. E o cliente do wealth management valoriza a rentabilidade.

Por não ter acesso fácil aos ativos internacionais, os investidores acabam tendo carteiras muito concentradas em risco-Brasil. De 2012 a 2015, quando os ativos de risco brasileiros tiveram performance negativa, por exemplo, a indústria teve dificuldade para oferecer um bom retorno aos clientes. Seria de grande importância para a indústria de gestão de fortunas a flexibilização das regras para investimento no exterior e a ampliação da oferta de produtos. Um bom aconselhamento também facilita o acesso ao mercado externo.

Alguns avanços já vêm sendo observados no campo regulatório para permitir que o investidor tenha acesso ao investimento externo, mas muito ainda precisa ser feito no que tange ao desenvolvimento de produtos para se investir lá fora. Até outubro de 2015, a instrução 409 da CVM permitia que apenas 20% da carteira de um fundo multimercado pudesse ser aplicado em investimentos no exterior — 100% se o fundo fosse destinado ao investidor superqualificado (com investimentos de mais de R$ 1 milhão).

A nova instrução 555 permitiu que, para investidores qualificados, o limite da aplicação no exterior subisse para 40%; e o teto passou a 100% para investidores profissionais ou qualificados que assinarem um termo de conformidade.

No entanto, essas alterações ainda são muito recentes e a indústria começa a evoluir agora na elaboração de produtos cada vez mais focados no mercado externo. Por isso, trata-se de um processo que só deve evoluir nos próximos anos. O mesmo movimento ocorre para os investidores institucionais, como fundações e seguradoras. Inicialmente era permitido que aplicações no exterior fossem feitas apenas via fundo de investimento e a instituição não poderia ter mais de 25% do patrimônio líquido do fundo. A regra também vem sendo flexibilizada agora, liberando o investimento direto em ativos no exterior.

Hoje, apesar de uma gama ainda pequena de produtos, já existem opções para o investidor ter acesso ao mercado global. Algumas gestoras começaram a desenvolver fundos com exposição no exterior e firmas internacionais também estão trazendo ao Brasil alguns de seus produtos globais. Estamos vendo a criação de produtos como ETFs (exchange traded funds, fundos negociados em bolsa) com foco no mercado internacional. Esses produtos são muito usados em todo o mundo por quem deseja ter exposição a uma determinada classe de ativo, região ou setor.

Mas vale ressaltar novamente que essa adaptação no Brasil ainda é muito incipiente e que no futuro os ativos externos devem ter um peso cada vez maior nas alocações das carteiras.

A grande concentração dos recursos nos bancos é outro ponto de atenção. O cliente brasileiro ainda tem muita dificuldade de migrar da plataforma de um banco para uma plataforma de advisor. A percepção do risco de se lidar com uma firma independente ainda é muito elevada para o investidor, principalmente levando-se em conta aqueles com pouca informação — que não são poucos.

O advisor consegue oferecer uma gama maior de produtos elaborando carteiras mais adequadas ao perfil de risco do investidor. O avanço da tecnologia no setor financeiro tende a facilitar esse processo, uma vez que pode ajudar a educar o investidor para o investimento por meio de plataformas digitais. Portanto, mais do que aumentar o número de clientes, é preciso refletir ainda sobre alguns avanços necessários para que a indústria decole.


*Alex Silva ([email protected]), sócio da Aware Investments


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