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Evolução tímida
Autorizados desde o ano passado, fundos de investimento no exterior ainda reúnem baixo número de cotistas

Os fundos de investimento com ativos no exterior eram um desejo antigo de investidores brasileiros que buscavam vias de acesso menos tortuosas à liquidez externa. Pouco mais de um ano depois do sinal verde dado pela Instrução 465 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que abriu a cancela para fundos do País investirem a totalidade da carteira em ativos no exterior, esse tipo de aplicação continua tímida.

Em 23 de abril, estavam registrados na CVM 86 fundos que podem alocar a totalidade do portfólio lá fora. Excluindo-se os fundos exclusivos e aqueles dedicados a membros de uma mesma família, sobram pouco mais de 40 produtos no mercado. Embora numerosos, os fundos com aplicações no exterior ainda reúnem poucos cotistas e baixo patrimônio líquido. Desses, a maior parte (24) possui apenas um cotista, enquanto quatro fundos contam com mais de cinco — BTG Global (10), Gávea Investimento no Exterior (11), Gems Low Vol Longo Prazo (29) e Jaú FI Multimercado (7). O patrimônio líquido somado dos fundos não exclusivos é de R$ 2,48 bilhões. Para usufruir as permissões dadas pela Instrução 465, o fundo deve requerer uma aplicação mínima de R$ 1 milhão e explicitar o termo “investimento no exterior” em sua denominação.

Lance Reinhardt, diretor para a América Latina do Superfund, grupo austríaco com mais de US$ 1,5 bilhão administrado, diz que a crise econômica responde por parcela significativa dessa evolução tímida dos investimentos no exterior. “Os gestores estão esperando essa névoa de incertezas se dissipar para tomar a decisão de lançar um produto novo”, opina.

O próprio Superfund está à espera de um cenário mais límpido para lançar seu primeiro fundo no País, que terá aplicações no exterior. “No começo, investiremos 20% lá fora e o restante em renda fixa. O plano é migrar para 100% em ativos no exterior com o tempo”, conta Reinhardt. Apoiado em uma estratégia quantitativa, o fundo austríaco investe em mais de cem mercados futuros de commodities e contratos financeiros, além de câmbio, derivativos, juros e bônus.

Gustavo Coelho, responsável por alocação de recursos na Arsenal Investimentos, acredita que dificuldades operacionais também estariam inibindo a disseminação desses fundos. O funcionamento de itens como cotização e marcação a mercado pode variar de país para país, e o custo operacional de conciliar esses elementos com a realidade brasileira é alto. “É necessário um volume grande de recursos para justificar esses custos”, diz.

Enquanto alguns ainda estudam a entrada nesse mercado, um já está na porta de saída. O fundo Gems Low Vol, o primeiro a investir nos moldes da Instrução 465, está em processo de liquidação, depois de aprovação em assembleia de cotistas, no dia 19 de janeiro. Os problemas começaram quando o Gems — que investe em um fundo de fundos de sua congênere norte-americana — anunciou, em 6 de janeiro, o congelamento dos resgates, sob justificativa de que os ativos lá fora só conseguiriam cobrir 80% dos pedidos. O fundo tinha aplicações no famigerado fundo de Bernard Madoff, ex-chairman da Nasdaq, sobre quem pesam acusações de fraudes que beiram os US$ 50 bilhões. Apesar da participação pequena desses ativos (1%) na carteira, a desconfiança já estava instalada. Agora, os 29 cotistas restantes receberão seu dinheiro de volta assim que os ativos forem sendo liquidados no exterior.


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