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Estrutura incerta
Venda da construtora Klabin Segall para o espanhol Enrique Bañuelos tem cláusula atrelada à dívida deixada pelos ex-controladores

Nas páginas anteriores a esta, uma construtora dá sinais de vigor depois de viver momentos de agruras. Do lado de cá, nas folhas tingidas de vermelho, uma outra empresa do setor experimenta a resignação de um problema ainda não completamente resolvido. No fim de abril, a Klabin Segall sentiu um sopro de esperança para se revitalizar, ao mudar de controlador. A operação contou com um modesto aporte de recursos e seu desfecho está condicionado ao equacionamento da dívida da companhia. Daí explica-se a pressão cruel do mercado sobre os papéis da construtora, que seguem em baixa na bolsa.

A Klabin Segall foi comprada a partir de uma associação entre a Veremonte e a Agra Incorporadora, que já haviam se unido inicialmente para comprar a Abyara, também do setor de construção. A operação da Klabin Segall, coordenada pelo JP Morgan, traz à tona o nome do megainvestidor espanhol Enrique Bañuelos, dono da Veremonte. Aos 42 anos, Bañuelos ainda é pouco conhecido no Brasil, mas tem longa trajetória no setor em seu país de origem. Na Espanha, construiu um “império de tijolos” sob o guarda-chuva da Astroc, construtora que abriu o capital em 2006 e chegou a valer US$ 12 bilhões em bolsa.

Em 2008, com a eclosão da crise mundial, a Astroc ruiu e Bañuelos fixou o Brasil como porto seguro para reerguer um novo colosso imobiliário. Associou-se à brasileira Agra Incorporadora — fundada em 1996 e com forte atuação no Sudeste, Norte e Nordeste, nos segmentos residencial, comercial e hoteleiro — e traçou o plano de amealhar empresas endividadas, gastando pouco dinheiro. A ideia dele é criar uma grande holding para hospedar esses negócios do ramo imobiliário e, claro, crescer.

A sua chegada deu-se, efetivamente, em fevereiro de 2009, quando comprou a Abyara Incorporadora. A operação ocorreu por meio da Veremonte e da Agra, em um negócio que não envolveu dinheiro e, sim, uma engenharia financeira baseada no equacionamento da dívida da Abyara. Depois disso, haverá injeção de R$ 100 milhões, o que ainda não aconteceu. Tal fato deixa o mercado de olhos atentos. A reestruturação da dívida, segundo a empresa, já reduziu o passivo de R$ 430 milhões para menos de R$ 180 milhões.

Juntas novamente, Veremonte e Agra levaram a Klabin Segall em uma jogada semelhante. Mas, diferentemente da Abyara, nessa operação houve um aporte inicial de R$ 20 milhões. O restante, um montante de mais R$ 90 milhões, está condicionado à renegociação da dívida. Do contrário, o negócio pode ser cancelado. Equacionar a dívida da Klabin Segall, na casa dos
R$ 630 milhões, é algo delicado. A companhia tem como principais credores os bancos Safra e Bradesco. O prazo para conclusão do equacionamento da dívida está previsto para ocorrer até 15 de julho, data em que está marcada a assembleia geral de acionistas.

Para estruturar a operação, Agra e Veremonte criaram uma nova empresa, a Holding Agra Veremonte, com participação de 65% da companhia de Bañuelos e 35% da brasileira. Essa empresa será incorporada pela Klabin Segall, que emitirá novas ações. Como ainda há uma série de ajustes sendo feitos, a administração da Klabin Segall justificou que não tinha porta-vozes para conversar com a CAPITAL ABERTO.

Criada em 1994, da união dos primos Oscar Segall, ex-publicitário, e Sérgio Segall, ex-cineasta, a Klabin Segall é uma empresa jovem, voltada a empreendimentos de alto padrão. É reconhecida por revitalizar os bairros onde constrói seus projetos, dando um novo contexto à região, a exemplo do que foi feito na Chácara Klabin, em São Paulo. Aliás, o sobrenome Klabin foi herdado do bisavô da dupla, que fundou a Klabin Papel e Celulose. A construtora estreou na bolsa em 2006, e seu papel começou cotado a R$ 15. No dia em que foi vendida, a ação foi precificada em R$ 1,83 — o que remete à Klabin Segall um valor de mercado de R$ 112 milhões.

Com a venda, os antigos donos continuarão sócios, mas terão suas participações reduzidas de 36,5% para 15,4%. A família Setin (que se associou à Klabin Segall em 2007) cai de 8,9% para 3,7%. Embora tenham reduzido suas participações, os antigos sócios continuarão à frente da Klabin até 2014, mas com a Agra Incorporadora participando da gestão.

Os minoritários, que tinham 54,7% da companhia, terão agora 23%. Paralelamente ao aporte de recursos, a serem injetados após o equacionamento da dívida, a nova empresa irá incorporar dois projetos da Agra, avaliados em R$ 44 milhões. Ambos estão com as comercializações em estágio avançado e devem ser entregues no fim de 2010.

A companhia apresentou bom resultado no primeiro trimestre. Ainda assim, analistas acreditam que não haverá impacto no preço das ações. “A principal notícia é a conclusão da incorporação da Klabin Segall pela Veremonte Participações. O mais importante será acompanhar o processo de renegociação das dívidas e os ativos da Klabin Segall que estarão envolvidos”, escreveram analistas da Fator Corretora em seu último relatório. “Em relação ao pacote habitacional, a Klabin Segall será menos beneficiada, pois o seu mix de produtos é mais voltado ao segmento de média renda.”

* A escolha das companhias para esta seção é feita a partir de um levantamento da Economática com a oscilação e o volume negociado mensalmente por ações que possuem giro mínimo de R$ 1 milhão por dia. A partir daí, são escolhidas aquelas que se destacam pelas variações positivas e negativas nos seis meses anteriores.

, Estrutura incerta, Capital Aberto


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