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Governo e instituições privadas querem levar a educação financeira para as escolas. Mas, é bom lembrar, essa ideia é menos simples do que parece
  • Elisangela Roxo
  • fevereiro 1, 2010
  • Bimestral, Relações com Investidores, Reportagens, Temas, Edição 78

Os perigos do consumo exagerado, os planos de previdência e outras noções de investimentos pessoais poderão virar assunto trivial para crianças e adolescentes. A partir de abril, escolas de diversas cidades do Brasil participarão do Projeto Educação Financeira na Escola, desenvolvido pelo governo federal e agentes do setor privado, que pretende levar o mundo do dinheiro à sala de aula. A iniciativa ocorre num momento oportuno. Para Paulo Oliveira, diretor executivo de desenvolvimento e fomento de negócios da BM&FBovespa, o País atingiu um nível considerável de riqueza e precisa orientar a população a utilizar bem essa renda. “Temos de estimular não apenas a capacidade de sonhar, mas também a de planejar”, diz ele. “É a nova geração que vai impulsionar e perpetuar o crescimento.”

A ação faz parte da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). Uma das razões de ser da Enef, criada em 2007 pelo Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), é contribuir para a solidez e garantir a estabilidade futura do sistema financeiro nacional. Isso começa pela formação dos mais jovens, explica José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação a investidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que responde pela Enef. O Coremec, grupo ligado ao Ministério da Fazenda e constituído por CVM, Banco Central (BC), Superintendência de Seguros Privados (Susep) e Secretaria de Previdência Complementar (SPC), convidou o Ministério da Educação e várias entidades para atuarem na Enef. Educadores, membros do governo e instituições financeiras deram início às conversas no fim de 2007 e, de lá para cá, conduziram pesquisas para a elaboração de material didático.

Segundo Vasco, cerca de 800 colégios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e do Distrito Federal foram escolhidos pelo Educação Financeira na Escola. Desses, apenas metade receberá o material didático para aplicação do tema em sala de aula, de modo que a evolução dos dois grupos de escolas possa ser depois comparada. Espera-se que os resultados obtidos no projeto piloto fomentem discussões e a formulação de programas de educação financeira para alunos dos ensinos fundamental e médio por um novo grupo técnico, a ser criado por um decreto do presidente Lula prometido para este ano.

Educação financeira esbarra na ausência de docentes capacitados para a tarefa

Por seu histórico de incentivo à difusão de conhecimento sobre o mercado acionário, a BM&FBovespa foi convocada pelo Coremec a participar do grupo de apoio pedagógico (GAP) da Enef. Deve ficar a cargo da Bolsa a produção do material didático para os alunos do ensino fundamental. Antes mesmo da fusão com a BM&F, em 2002, a Bovespa começou a promover programas de popularização do mercado de ações. Dentre as medidas estão palestras, cursos, concursos estudantis e parcerias com instituições de ensino — iniciativa que já foi apresentada como um caso de sucesso pela World Federation of Exchanges (WFE), a Federação Mundial das Bolsas de Valores.

Também integra o GAP o Instituto Unibanco — braço do banco responsável por projetos sociais dirigidos a jovens —, que está elaborando o material voltado ao ensino médio. Neste ano, cerca de 300 escolas atendidas pelo instituto, em Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Vitória (ES), Campinas (SP) e região metropolitana de São Paulo, terão aulas de educação financeira.

FOCO NOS ADOLESCENTES — Neste momento, o foco das atividades está no ensino médio, fase da vida escolar que compreende os três anos anteriores ao vestibular. “São esses os meninos que podem gastar o primeiro salário inteiro em um celular de último tipo que amanhã será obsoleto”, justifica a superintendente do Instituto Unibanco, Wanda Engel. Falar de conceitos de finanças para esse público, porém, é tratar de uma realidade palpável, pois muitos adolescentes já trabalham e necessitam ser orientados para administrar de forma responsável os seus rendimentos. A definição de conteúdo pedagógico para os estudantes do ensino fundamental — notadamente crianças — demanda mais tempo de pesquisas.

A proposta da Enef não é estabelecer uma nova disciplina. “A escola tem um número suficiente de matérias obrigatórias. Não é nosso objetivo criar mais uma”, diz Vasco. Assim, o conteúdo de educação financeira deve aparecer em outras áreas do conhecimento, como matemática ou língua portuguesa, e qualquer professor poderá utilizar o material didático. Tratar desse tópico também não será prática obrigatória. A intenção da Enef é estimular as instituições de ensino públicas e particulares a aplicarem o tema voluntariamente. Esse posicionamento deve ser mantido pelo comitê a ser criado por decreto.

Várias questões permeiam a discussão do ensino e do modelo a ser adotado para a educação financeira no País. Especialista na área e escritora de livros sobre o tema, Cássia D’Aquino ressalta a importância de se compreenderem os conceitos que envolvem a educação financeira. “Além de ensinar os estudantes a economizar, pensar em orçamento ou investir na Bolsa, um dos pontos principais é mostrar que as relações com o dinheiro devem ser regidas pela ética”, afirma Cássia. “O aluno precisa entender que dinheiro não é o mais importante na vida.”

TAREFA PARA GENTE GRANDE — Todos parecem concordar que está na hora de um projeto de educação financeira sair do papel, mas alguns pontos exigem atenção. Existe a polêmica sobre qual seria o profissional adequado para transmitir o conteúdo, uma vez que não há docentes de educação financeira prontos no mercado. Cássia afirma que esse é “um assunto bastante delicado”, porque um professor despreparado “pode fazer um estrago considerável na cabeça dos alunos”.

Um bom profissional de educação financeira precisa ser bastante crítico. Para a consultora, o ensino deve refletir, por exemplo, a atração que o consumo exerce nas crianças e nos adolescentes. “Estamos submersos num mar de consumismo”, teoriza. Cássia também alerta que, no debate para a construção de um projeto pedagógico, há os estudiosos e aqueles que podem se aproveitar da criação de um nova disciplina para lucrar à custa da comercialização de material didático. Outra questão importante é a forma como o conceito do trabalho deve ser abordado nas aulas — a principal origem de renda da população. “Temos de incentivar os jovens a encontrar seu talento e fazer dele também uma fonte de prazer na vida, não apenas de renda”, indica a pesquisadora.

Ricardo Humberto Rocha, pesquisador e professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), ligada à Universidade de São Paulo (USP), concorda que é preciso cautela na hora da abordagem dos temas de finanças na grade curricular. Ele acredita que, no contexto da proposta de horizontalizar o ensino dentro de outras disciplinas, o professor de geografia seja o mais indicado para ministrar as classes. “A geografia econômica é a que tem mais proximidade com esse tema”, explica. Rocha afirma que o Brasil tem realmente muito a ganhar trazendo a educação financeira aos mais jovens. “Vamos começar a gerar economia de renda em todas as classes quando ensinarmos a população a poupar, o que, a longo prazo, vai diminuir a importância do capital externo para o País”, vislumbra.

O MEC vai observar os testes que ocorrerão nas escolas neste ano, mas declinou conceder uma entrevista para esta reportagem. O ministério considera as atividades na área “muito prematuras”, segundo sua assessoria de imprensa. O órgão se limitou a informar que “está acompanhando a elaboração do material didático” e que deve haver a formação de professores também, sem especificar como esse processo será conduzido.

O programa liderado pelo Coremec recebe auxílio técnico e financeiro do Banco Mundial e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). No ano passado, quatro especialistas do Banco Mundial vieram ao Brasil para discutir o projeto. “A expectativa é de que eles contribuam com cerca de US$ 800 mil”, estima Vasco, da CVM. Além de colaborar com as pesquisas sobre o trabalho realizado em sala de aula, a instituição estrangeira deve apoiar workshops de educação financeira para as famílias dos alunos. O tempo total dos testes ainda não foi definido, mas Vasco prevê que durem até um ano e meio.


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