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Empurrão do regulador
Mudança na metodologia de cálculo de reajuste tarifário alavanca os papéis da Sabesp

, Empurrão do regulador, Capital AbertoNão é novidade a preferência do mercado por papéis defensivos em tempo de condições macroeconômicas incertas, como o atual. Foi por esse motivo que empresas dos setores de saneamento e energia mantiveram-se em alta nos últimos meses. Mas a história da Sabesp vai além. Quando a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) divulgou, em julho de 2009, uma nota técnica sobre a nova metodologia de cálculo tarifário da companhia, baseada no retorno sobre o ativo, suas ações iniciaram uma caminhada morro acima. E não pararam mais. A nova fórmula ainda nem entrou em vigor — a aplicação é prevista para setembro de 2012 — e já rendeu uma valorização de mais de 60% no intervalo de dois anos iniciado com o anúncio do regulador. O desempenho fez com que os papéis caíssem no filtro azul da Lente de Aumento deste mês, com alta de 13% entre 23 de dezembro e 24 de junho.

Segundo Antonio Junqueira, analista do BTG Pactual, a nova metodologia de cálculo tarifário é mais justa. Atualmente, o reajuste é feito com base na inflação, o que significa dizer que, se o investimento da companhia cresce consideravelmente, e a inflação não acompanha esse ritmo, há um descasamento de caixa. Por isso, a partir do ano que vem, o cálculo levará em conta despesas de exploração, depreciação e remuneração sobre o ativo operacional. “Com o novo modelo, a Sabesp terá maior previsibilidade de caixa e, consequentemente, se tornará um investimento mais seguro”, explica o analista.

O impacto da novidade na regulação justifica-se ainda mais quando observado o momento pelo qual vem passando a companhia. Em 2005, os contratos de longo prazo firmados no surgimento da empresa começaram a vencer. Mario de Arruda Sampaio, superintendente de captação de recursos e relações com investidores da Sabesp, esclarece que a renovação desses acordos requer tempo. A prefeitura em questão desenvolve estudos, define o projeto de saneamento, o apresenta à câmara de vereadores e aguarda a aprovação dos parlamentares. “É algo que não depende de nós”, observa Sampaio.

Mesmo assim, os acordos renovados desde 2007, seja em caráter de concessão ou de prestação de serviço, asseguram pelos próximos 30 anos o equivalente a 76% do total da receita da companhia. Desse total, somente a cidade de São Paulo, cujo contrato foi renovado em junho de 2010, responde por 55%. As novas negociações representam compromissos de investimento. Até 2007, a Sabesp investia R$ 700 milhões ao ano. Desde 2008, o montante subiu para R$ 1,8 bilhão anual, patamar que será mantido até 2013. “Nossa tarifa precisava acompanhar esse novo patamar de investimento”, afirma o superintendente. A decisão de remunerar o ativo incorporado foi bem recebida pelo mercado. “A partir do momento que o regulador sinaliza a remuneração do investimento da companhia, ela é incentivada a crescer”, comemora Sampaio.

No dia 19 de maio de 2011, a Sabesp brilhou no pregão. Cotada a R$ 48,50 naquela quinta-feira, a ação subiu 2,41% após ter registrado a segunda maior alta do Ibovespa na véspera, de 3,41%. A valorização de quase 6% em dois dias refletia a definição pela Arsesp do primeiro componente da nova metodologia. Em nota técnica, o regulador definiu em 8,06% o WACC (custo médio ponderado do capital, na sigla em inglês) a ser aplicado na revisão tarifária da companhia. O número representava mais que o esperado pelo mercado, que teve como base de comparação o WACC do setor de energia, divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no mesmo dia. Representava, porém, menos do que o esperado pela empresa, que desejava 9,11%.

Resta ainda definir os outros componentes da fórmula, como, por exemplo, a base de ativos a ser considerada. “É um processo delicado porque depende de variáveis difíceis de serem estimadas até mesmo pelo regulador”, aponta Junqueira. O analista acredita que o futuro das ações da Sabesp depende do casamento entre as definições do regulador e a expectativa do mercado.

Enquanto o cálculo não é definido, a empresa acumula outras preocupações. O fato de a implantação da nova metodologia estar programada para um mês antes das eleições municipais causa desconforto. O período, normalmente conturbado, inunda o mercado de incertezas. Por isso, no que depender da Sabesp, esse prazo será adiantado. A companhia tem até 30 de março de 2012 para apresentar o valor dos ativos operacionais que serão objetos da nova remuneração — a intenção, contudo, é antecipar o máximo possível a entrega. Adiantar o cronograma, nesse caso, é prioridade.


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