O Instituto Europeu de Governança Corporativa (ECGI, na sigla em inglês) anunciou em 19 de abril os vencedores do seu concurso 2007 de trabalhos acadêmicos em governança corporativa, divididos em três categorias.

A primeira selecionou o melhor trabalho sobre conselho de administração: Conselheiros Independentes e os Preços das Ações: O Novo Paradigma da Governança Corporativa, de Jeffrey Gordon, da Universidade de Columbia. Inicialmente, o autor mostra um amplo panorama da mudança na composição dos conselhos de administração nos Estados Unidos, que contavam, em média, com apenas 20% de membros independentes em 1950 e aumentaram esse percentual para 75% no fim de 2005. O trabalho foi considerado importante por descrever os dois motivos que levaram a essa mudança: a difusão do conceito de valor para o acionista e a maior eficiência atribuída ao mercado de ações, que passou a ser visto como principal mecanismo para avaliação do desempenho das empresas.

A segunda categoria premiou Como as Empresas Familiares Norte-Americanas são Controladas, de Belén Villalonga, da Escola de Negócios de Harvard, e Raphael Amit, de Wharton, como o melhor trabalho em finanças. O artigo avalia um tema incomum no país: a atuação de famílias fundadoras como controladoras de empresas de capital aberto. Especificamente, os autores revelam que muitas famílias mantêm direitos de controle (percentual de ações votantes) superiores aos de fluxo de caixa (percentual do total de ações), numa situação similar à de empresas familiares brasileiras, que desenham esse formato por meio da emissão de duas classes de ações, pirâmides societárias, acordos de acionistas e participação desproporcional nos conselhos. O trabalho mostra que o impacto desses mecanismos varia: enquanto a emissão de duas classes de ações e a participação desproporcional nos conselhos destrói valor, a utilização de pirâmides e de acordos de acionistas apresenta uma relação positiva com o valor das empresas.

A terceira categoria premiada pela ECGI selecionou o melhor trabalho sobre questões legais em governança corporativa: Fundos Hedge na Governança Corporativa e no Controle das Empresas, de Marcel Kahan, da Universidade Nova York, e Edward Rock, da Universidade da Pennsylvania. Os autores discutem a principal acusação feita contra os fundos hedge: sua visão de curto prazo, que prejudicaria os resultados e as perspectivas de longo prazo das companhias. E concluem que os efeitos positivos dos fundos hedge, como incentivadores da maior geração de valor nas companhias, superam, até o momento, eventuais efeitos negativos.