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Diagnóstico de sucesso
Pátria inaugurou a saída dos fundos de private equity via bolsa e lucrou dez vezes o capital investido na Dasa

, Diagnóstico de sucesso, Capital AbertoNo final da década de 90, enquanto o setor de saúde passava por profundas transformações na Europa e nos Estados Unidos, a Pátria Investimentos percebeu que, no Brasil, o segmento também merecia atenção. No exterior, o estímulo ao processo de automação gerava aumento da qualidade dos diagnósticos e da capacidade de produção, consolidando o setor. Por aqui, o cenário ainda era bem diferente, mas não menos promissor. Especialmente para o capital de risco. “Havia um ponto de inflexão entre a automação do setor de análises clínicas e a expansão do diagnóstico por imagem”, define Alexandre Saigh, responsável pela área de private equity da Pátria e hoje presidente do conselho de administração da Dasa.

Foi com esse pano de fundo que surgiu o afinado encontro entre a Pátria e a Diagnósticos da América S.A. (Dasa). A parceria, que completa uma década este ano, fez da Dasa a primeira empresa do setor de saúde a estrear em bolsa de valores em toda a América Latina. Ao longo dessa trajetória, o faturamento da empresa saltou de R$ 70 milhões ao ano para mais de R$ 1,2 bilhão. Para o fundo, o retorno não foi menos vistoso: 35% ao ano.
Uma história tão bem-sucedida exigiu diagnósticos precisos. A Pátria, após identificar as oportunidades na área, saiu em busca do melhor parceiro. Encontrou Caio Auriemo, médico que, em 1998, era dono de 50% do Laboratório Delboni Auriemo e se encaixava no perfil de empreendedor que a gestora procurava. Na época, o empresário desejava construir, na Vila Olímpia, em São Paulo, um laboratório automatizado na área de análises clínicas. Auriemo almejava ainda erguer uma megaunidade para abrigar, debaixo do mesmo teto, a coleta de amostras para análises clínicas e os equipamentos de imagem (exames que vão da tradicional radiografia a outros mais sofisticados, como ressonância magnética). Para viabilizar os planos, o empresário buscava justamente um fundo de private equity que alavancasse o crescimento da empresa. “A ideia era fazer um supermercado de medicina diagnóstica”, conta Saigh. Comodidade era a palavra de ordem do projeto. Pacientes teriam a conveniência de fazer todos os exames em um único lugar, enquanto médicos receberiam laudos consolidados.

As negociações entre a Dasa e o fundo de private equity começaram no final de 1998 e, em julho de 1999, a Pátria já fazia o primeiro aporte financeiro na empresa. As estratégias começaram a ser executadas imediatamente, os resultados apareceram, e o fundo aumentou sua participação para 64%, totalizando um investimento de R$ 120 milhões. A percepção era a de que a lacuna do setor de medicina diagnóstica abria as portas para que a empresa investida saísse à frente das concorrentes.

A avaliação inicial mostrava que investir na Dasa era um ótimo negócio, e o passar dos anos revelou perspectivas ainda melhores. Ao longo do tempo, as estratégias provaram-se corretas e indicaram novos nichos a serem explorados. A Dasa criou marcas diferenciadas que deram origem aos planos de saúde premium, standard e executivo, cada um voltado para uma faixa de renda. A empresa também colheu os frutos da aposta feita na automação de seus processos, com a digitalização de imagens e a melhoria da qualidade dos laudos.

Mercado recebeu com entusiasmo a substituição de Caio Auriemo por Alexandre Saigh na presidência
do conselho

Diante de uma evolução vigorosa após os anos de contribuição financeira e estratégica do fundo de private equity, outros caminhos começaram a ser traçados. A abertura de capital parecia um caminho natural. Mas, em 2004, realizar um IPO significava também que a empresa desbravaria o mercado de capitais no Brasil, muito pouco utilizado na época. Ao mesmo tempo, a continuidade da política econômica e a maior atividade do mercado de capitais diziam que era hora de dar um passo maior. “O IPO daria perpetuidade para a Dasa”, defende Saigh. O caminho escolhido era uma novidade também para a Pátria. Afinal, 80% dos desinvestimentos de private equity eram até então feitos para parceiros estratégicos.

Vendendo parte das ações, a Pátria sairia aos poucos da empresa, que se transformaria em uma corporação de capital pulverizado. A Dasa abriu o capital em 2004. O fundo I da Pátria vendeu sua participação gradativamente nos anos seguintes, encerrando-a no início de 2009. Em abril deste ano, o fundo III comprou pouco menos de 5% da companhia, de controle pulverizado, por julgar que o negócio ainda guarda potencial de crescimento. A parceria rendeu à Pátria Investimentos mais que dez vezes o capital investido, o equivalente a 35% de retorno ao ano. Os recursos advindos do IPO possibilitaram o crescimento agressivo nos primeiros três anos após a oferta. Mais de 30 unidades foram inauguradas em 2007; e outras 17, em 2008.

AO PASSO DO MERCADO — Como uma companhia aberta, listada em bolsa, a Dasa ficou exposta. E as dificuldades de conciliar a gestão moderna e eficiente dos fundos de private equity e seus executivos com o viés familiar e tradicional ficaram evidentes. Conforme previsto pela regulamentação, os contratos com partes relacionadas tiveram de ser expostos ao público, tornando explícitas as relações ainda umbilicais da companhia com a família. Vários dos prestadores de serviços contratados pela Dasa eram empresas de membros da família Auriemo, conforme mostrou a CAPITAL ABERTO, segundo uma pesquisa feita pelo professor Alexandre Di Miceli, na reportagem Caiu o disfarce, de julho de 2008.

Em dezembro de 2005, Caio Auriemo já tinha deixado a presidência executiva para assumir o conselho de administração. Mas as diferenças de filosofias entre a família e os investidores culminaram, no dia 28 de abril, com a saída de Auriemo. Saigh passou a ser o presidente do órgão, e a notícia foi recebida com ânimo pelo mercado. Desde essa data, até o começo de agosto, as ações da companhia acumulavam alta de 39%.

Em julho, o médico aproveitou para transformar em caixa boa parte de sua participação acionária: vendeu 10,45% das ações ordinárias. Agora, ele e os familiares detêm menos de 5% do capital da companhia. Os investidores, por sua vez, vêm dando sinais de que continuam entusiasmados com a companhia. Em maio, o fundo de pensão Valia ampliou sua fatia na empresa para 5% do capital. E a gestora Tarpon Investimentos, no dia seguinte ao comunicado oficial da venda da posição de Auriemo, ampliou sua participação para 5,85% da companhia.


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