Despedida feliz
Vivo dá adeus ao pregão em alta, mas não será fácil para a Telesp repetir o feito
, Despedida feliz, Capital Aberto

Um dos maiores destaques da Bolsa nos últimos seis meses é uma companhia que se despede do pregão. Entre novembro de 2010 e maio deste ano, a Vivo passou por um turbilhão de reestruturações societárias, valorizou-se 42% e terminou incorporada pela Telesp. O mercado gostou dos termos propostos pelos controladores na operação. A holding terá abaixo dela também a Telefônica, que dividia o controle da Vivo com a Portugal Telecom (PT) até meados do ano passado, quando comprou a parte portuguesa na Brasilcel.

No fim de abril, os acionistas da Vivo aprovaram a relação de troca. Para cada ação da operadora de telefonia móvel receberão 1,55 ação da Telesp. A substituição garantiu um pequeno prêmio aos papéis da Vivo, cujos novos controladores atingiram 76,38% das ações ordinárias da companhia após gastarem R$ 1,27 bilhão numa OPA. Some-se a isso a aquisição dos 50% que a PT detinha na Brasilcel por € 7,5 bilhões e tem-se uma ideia de quão estratégica é a telefonia móvel para os espanhóis.

Operadora de 29% dos celulares ativos no Brasil, de acordo com a Anatel, a Vivo teve lucro líquido no primeiro trimestre deste ano de R$ 710 milhões. Uma expansão de nada modestos 270% sobre os ganhos registrados no mesmo período do ano anterior. A alta do lucro aconteceu apesar de a companhia ter perdido participação de mercado no período para as rivais Claro e TIM. A justificativa é a atração de clientes de maior ticket médio. “A Vivo é a telecom que mais ganha consumidores que consomem tráfego de dados, um segmento muito mais lucrativo que os contratos de voz”, explica Eduardo Tude, analista da Teleco, maior consultoria do setor no país.

Na avaliação de Kelly Trentin, analista da corretora Spinelli, os papéis da Telesp pós-incorporação têm potencial para manter a alta apontada pela Vivo. A tele móvel é considerada bem-sucedida em sua aposta no uso de smartphones, ainda que tenha perdido consumidores na carteira de telefones pré-pagos, o segmento menos lucrativo. “As vendas de smartphones e o consumo de dados no 3G crescem aceleradamente no País. Tanto pela inclusão dos novos consumidores da classe C quanto pelo ingresso de contas corporativas, que aumentam o consumo à medida em que a economia se aquece”, diz Kelly. Grandes projetos de infraestrutura, como as obras do PAC e os eventos ligados à Copa de 2014 e à Olimpíada de 2016 projetam consumo ainda maior de redes móveis para tráfego de dados, setor liderado pela Vivo no Brasil.

Mas as perspectivas sobre o futuro da companhia não mais se resumem à telefonia móvel. As perspectivas para a Telefônica, a outra parte da Telesp, apesar de não serem tão promissoras, estão longe de serem ruins. Embora o negócio de telefonia fixa seja declinante no mundo todo, a Telefônica mantém uma posição privilegiada no mercado de banda larga paulista e de assinaturas de TV paga. Sua capilaridade no estado de São Paulo — a empresa opera em mais de 460 municípios — é a principal vantagem competitiva. A rival mais próxima, a Net, está em menos de 150 cidades no estado.

Para os analistas, a holding deverá beneficiar-se de sinergias como o compartilhamento de data centers, infraestrutura de fibra ótica subterrânea em São Paulo, venda conjugada de planos fixos e móveis e divisão nos custos de manutenção de redes — a parte mais onerosa do setor de telecomunicações.

Se tudo der certo, as ações da Vivo, que já estão em patamar elevado, devem impulsionar as da nova Telesp no próximo semestre. Mas há riscos no horizonte. Para Kelly, da Spinelli, haverá muitos obstáculos para a associação das empresas, tanto em aspectos técnicos — como a integração de redes — quanto em características legais — como obter a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a atividade conjunta das teles.

Tanto Telefônica quanto Vivo possuem vários indicadores positivos, como crescimento da lucratividade e do Ebitda por trimestres seguidos. Os riscos aos quais a holding está exposta devem tornar-se mais claros nos próximos meses, na medida em que a Telefônica demonstrar ser ou não capaz de integrar sem traumas a Vivo em sua estrutura. Experiências anteriores envolvendo a Telefônica, como, por exemplo, a compra de parte do capital da TVA em 2006, demonstraram que esses processos nem sempre são simples. Na época, problemas graves de atendimento a clientes e qualidade dos serviços foram registrados, com perdas pontuais de fatias de mercado. No médio prazo, no entanto, a união Telefônica e TVA acabou se provando altamente eficaz.

Uniões como a de Vivo e Telefônica são uma tendência no mundo. Podem, inclusive, inspirar outras teles brasileiras a irem pelo mesmo caminho. A Claro já fez uma movimentação similar ao unir sua infraestrutura com a da Embratel (as duas pertencem ao grupo Telmex, de Carlos Slim). Se é verdade que há vários riscos na formação da nova Telesp, também é correto afirmar que são grandes as chances de a holding se fortalecer no próximo semestre e solidificar sua liderança num mercado que não para de crescer: o de pessoas ávidas por navegar na web usando redes móveis.


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