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De sapo a príncipe
UOL tira o foco de assinaturas e faz suas ações darem a volta por cima

, De sapo a príncipe, Capital AbertoEm pouco mais de um ano, a ação preferencial do provedor de acesso à internet UOL conseguiu se ver livre do status de “mico”. Em matéria de setembro de 2009, intitulada “Os abacaxis da Bolsa”, a CAPITAL ABERTO mostrava que a UOLL4 era a única ação de companhia a ter feito uma oferta inicial (IPO, na sigla em inglês) em 2005 e que ainda não tinha recuperado o preço da abertura da capital. Seu valor era 56,7% menor que o da oferta. Tudo foi bem diferente no período de seis meses encerrados em 28 de fevereiro, escolhido para a eleição das empresas que compõem as bandas azul e vermelha de Lente de Aumento desta edição. As ações do provedor conseguiram registrar nada menos que a maior oscilação positiva da BM&FBovespa no período: 61,5%.

Boa parte dessa virada se deveu a uma mudança de foco. Desde 2010, as assinaturas de internet perdem espaço na receita da companhia para atividades de tecnologia da informação (TI), como pagamentos online, web hosting e software, dentre outros. Para se ter uma ideia, quando abriu o capital, o UOL tinha 90% do seu faturamento proveniente das assinaturas. No relatório anual de 2010, a receita advinda dessa atividade atingiu R$ 525,8 milhões — um valor muito próximo ao de 2009 (R$ 523,9 milhões). Ao passo que na conta “publicidade e outros”, na qual se encaixam os serviços de TI, a companhia faturou R$ 594,8 milhões, 34% mais que o obtido um ano antes.

“Quando a empresa se deu conta de que as perspectivas no mercado de TI são mais promissoras que as de assinaturas, o mercado voltou a se animar com o papel”, diz Diego Aragão, analista da Flow Corretora. “O UOL consolidou sua exposição a segmentos que devem crescer mais de 20% neste ano, como publicidade online (graças à disseminação de acessos via smartphones), web hosting e o sistema de pagamentos online, o PagSeguro”, afirma.

A confirmação do novo olhar da companhia sobre o próprio negócio veio em dezembro de 2010, quando anunciou a compra da empresa norte-americana de TI Diveo Broadband Networks, por R$ 693,5 milhões. Desenvolvedora de soluções em TI e telecomunicações nos mercados brasileiro e colombiano, a Diveo possui a maior estrutura de centros de processamentos de dados da América Latina.

“Com a aquisição, o UOL mais do que triplica o número de clientes corporativos, além de expandir sua atuação para a Colômbia, num segmento com margem Ebitda maior que o de assinaturas”, observa Aragão. Com a Diveo, o UOL assumiu a terceira posição em serviços de TI no Brasil, superando concorrentes como Unisys e Tivit. “Nenhum rival no País possui a estrutura horizontal que o UOL detém, e daí se projetam grandes possibilidades de crescimento no médio e longo prazos para a companhia”, prevê. “O ganho de escala fará diferença para o UOL, com a redução de custos administrativos. Além disso, proporcionará melhores condições de negociação com fornecedores”, comenta Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora. Espera-se ainda que a empresa obtenha uma nova fonte de receita ao oferecer seus serviços aos clientes da Diveo.

O desembolso para comprar a norte-americana resolveu outro problema que incomodava os investidores: o dinheiro parado em caixa. Com uma política conservadora de aquisições, a companhia tinha usado pouco o montante captado (R$ 625 milhões) em sua abertura de capital. “Sem ir às compras nem distribuir dividendos, a empresa foi bastante prejudicada na cotação do seu papel”, conta Pinheiro.

Se no pregão e na seara operacional os elogios são grandes, o mesmo não se pode dizer das práticas de governança. A principal queixa recai sobre o disclosure da companhia, considerado um tanto displicente. A começar pela divulgação de resultados, que resume o faturamento a dois itens: assinatura; e publicidade e outros. “A empresa deveria se preocupar em detalhar a composição de sua receita, ainda mais agora que a fatia do ‘publicidade e outros’ já é maior que a de assinaturas”, recomenda Aragão.

Outro ponto que contribui para a fama de companhia pouco transparente é a falta de divulgação de fatos relevantes. Isso aconteceu, nos últimos anos, nas aquisições da DHC Outsourcing e a da Boldcron. No fim de 2010, a chegada de um novo sócio foi vista por alguns como sinal de possíveis melhoras na governança da empresa controlada pelo Grupo Folha. Em dezembro, a Portugal Telecom vendeu sua fatia de 28,78% no UOL para o empresário João Alves de Queiroz Filho, controlador do Grupo Hypermarcas. “Além de seu perfil agressivo, que pode ajudar a companhia em aspectos negociais, o Queiroz Filho pode aperfeiçoar as práticas corporativas”, avalia Aragão.


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