De portas abertas
Bolsa de Frankfurt facilita listagem de empresas de países emergentes

, De portas abertas, Capital AbertoPara atender ao interesse crescente do investidor europeu e, sobretudo, do alemão, por papéis de companhias dos mercados emergentes, dentre eles o brasileiro, a Bolsa de Valores de Frankfurt, Deutsche Börse, lançou o Frankfurt Global Depositary Receipts (FGDRs). Seu objetivo é oferecer uma alternativa flexível para um acesso rápido e eficiente ao mercado de capitais alemão.

Os papéis se tornam especialmente atrativos para as companhias brasileiras do setor de tecnologia verde (green tech). A Bolsa de Valores de Frankfurt é reconhecida por abrigar importantes empresas voltadas a esse nicho, que cresceu vertiginosamente nos últimos anos, impulsionado pelo desenvolvimento da consciência ambiental na Alemanha.

Atualmente, há 108 empresas green tech listadas na Bolsa de Frankfurt, com uma capitalização total superior a € 200 bilhões. Além disso, o ambiente regulatório favorável no país e a existência de uma ampla base de investidores institucionais e de varejo que procuram investir e, simultaneamente, apoiar as tecnologias ambientais contribuem para o desenvolvimento desse mercado. Desde 1997, as companhias green tech captaram na Deutsche Börse mais de € 10 bilhões em cerca de 50 ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês).

Além disso, estudo realizado pela Universidade Técnica de Munique e pela European Business School comprovou os benefícios de uma listagem na Deutsche Börse em comparação às bolsas de Hong Kong, Londres, Nova York, Euronext e Nasdaq. O levantamento, que contou com uma amostra de 2.200 companhias de todas essas praças, listadas entre 1999 e 2007, mostra que a bolsa alemã tem uma vantagem notável em termos de prazo, custo para listagem e giro das ações (indicador de liquidez).

O processo para estabelecer um programa de Depositary Receipts na Bolsa de Frankfurt é simples. Basta a empresa brasileira estar registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como companhia aberta, ter suas ações admitidas à negociação na BM&FBovespa, obter as autorizações prévias da CVM, do Banco Central e da BM&FBovespa, designar um custodiante no País e contratar uma instituição depositária autorizada.

As companhias podem escolher qualquer um dos segmentos de negociação da Bolsa de Frankfurt para listar seus FGDRs: Prime Standard (comparável ao Novo Mercado), General Standard (equivalente ao Nível 2 da Bovespa), Entry Standard e First Quotation Board (comparáveis ao AIM Market, da Bolsa de Londres). Além disso, os FGDRs podem ser incluídos nos índices internacionais da família DAX.

A partir daí, a empresa deverá elaborar um prospecto, caso decida distribuir publicamente seus FGDRs. O documento poderá ser preparado em inglês, desde que um sumário seja feito em alemão. Entretanto, se a oferta de FGDRs for destinada para negociação no First Quotation Board ou no Entry Standard e tiver como público-alvo um grupo selecionado de investidores institucionais, nem mesmo a elaboração do prospecto é necessária.

As obrigações periódicas, após a listagem inicial, dependem do segmento de mercado escolhido. Os mais regulados (Prime Standard e General Standard) seguem as regras da União Europeia, mais fáceis de serem cumpridas do que as estabelecidas pelas bolsas norte-americanas. O chamado mercado aberto (Entry Standard e First Quotation Board) não estabelece obrigações periódicas e é a maneira mais fácil de acessar a Deutsche Börse. Atualmente, ações de companhias sediadas em mais de 60 países são negociadas no mercado aberto e monitoradas pela comissão de valores mobiliários alemã (BaFin) quanto às regras de insider trading e manipulação de mercado.


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