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Conversa franca
No grupo Algar, conselheiros avaliam a própria performance em entrevista de uma hora com o diretor de governança

, Conversa franca, Capital Aberto

 

Ficou para trás o tempo em que governança corporativa era exclusividade de companhia de capital aberto. O tema entrou para o repertório do octogenário grupo Algar, de controle familiar, no fim dos anos 90, por iniciativa do fundador, Alexandrino Garcia, cujas letras inicias formam o nome da companhia. De origem humilde, Garcia começou a trabalhar ainda menino, na roça, junto com os pais. Quando a família veio de Portugal para o Brasil, em 1919, tinha apenas 12 anos. Aqui, teve várias ocupações: servente de pedreiro, ferreiro, mecânico, motorista de caminhão e operador de máquinas de arroz. Em parceria com o pai e os irmãos, abriu uma empresa cerealista, em 1929. Foi aí que ele começou a decolar como empresário.

No início dos anos 40, época em que os automóveis começavam a ganhar visibilidade nas ruas do Brasil, Garcia alugou um posto de combustíveis. Três anos depois, tratou de ampliá-lo e transformá-lo numa revendedora da General Motors. Em 1950, quando as grandes montadoras passaram a disputar os consumidores do pós-guerra e a onda do “american way of life” extrapolava a fronteira dos Estados Unidos, abriu outra empresa, do mesmo ramo, chamada de Garinco. Anos mais tarde, liderou a criação da sociedade anônima que assumiria o controle da Empresa Telefônica Teixeirinha, que viria a se tornar, em 1954, a Companhia de Telefones do Brasil Central (CTBC). A empresa consolidou-se rapidamente em dezenas de cidades e marcou a ascensão do grupo. A partir da década de 60, com a colaboração dos dois filhos, Walter, já falecido, e Luiz Alberto, Garcia constituiu dezenas de empresas e formou o Algar. Ele se manteve nos negócios até 1987, quando teve de ser afastar por problemas de saúde. Morreu em 1993. Hoje, Luiz Alberto é o presidente.

Além de lições de empreendedorismo, Garcia tentou transmitir aos filhos a importância de conduzir os negócios de forma ética: “Família é família, empresa é empresa”, dizia ele, sem imaginar que o Algar viria a se tornar o conglomerado que é hoje, com braços nos setores de telecomunicações, serviços, agronegócio e turismo. Com abrangência nacional, as empresas do grupo contam com escritórios em mais de 1.000 cidades, nos Estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná e Maranhão e no Distrito Federal. Consolidadas, as operações do Algar geraram valor adicionado líquido de R$ 2,02 bilhões no último exercício.

Desde que a profissionalização da gestão entrou na pauta da empresa, em 1989, o grupo vem aprimorando suas práticas de governança corporativa. Em 2005, os conselheiros de administração do Algar avaliaram, pela primeira vez, seu desempenho. Apesar de extremamente importante, esse procedimento é pouco disseminado nas companhias — até mesmo nas listadas em bolsa de valores. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a avaliação individual dos membros do board — particularmente nos aspectos de frequência, assiduidade e envolvimento/participação nas reuniões (incluindo seu nível de dispersão durante os encontros devido à realização de atividades não relacionadas) — é fundamental para a indicação à reeleição dos conselheiros.

Instituído em 1999, o conselho de administração do Algar reunia, no fim de 2011, oito membros efetivos, sendo cinco independentes. Eleitos por assembleia-geral para mandato de 12 meses, com possibilidade de reeleição, os conselheiros se reúnem ordinariamente seis vezes ao ano, de acordo com uma agenda preestabelecida, e extraordinariamente sempre que necessário. Seis anos desde a primeira avaliação, o processo evoluiu bastante. Agora, além de dizerem o que pensam sobre o próprio desempenho, os conselheiros também opinam quanto à performance do órgão como um todo e dos outros membros, incluindo o chairman. O cargo é ocupado, atualmente, por Luiz Alberto Garcia, acionista e membro da segunda geração da família controladora do Grupo Algar.

As avaliações são feitas por meio de preenchimento de um questionário, que contém perguntas sobre frequência, envolvimento nas reuniões e qualidade das discussões, e de uma entrevista individual, com uma hora de duração. “Ela dá mais espaço para o conselheiro fazer recomendações e expor sua percepção sobre o trabalho”, explica Teruo Murakoshi, diretor de governança corporativa. Ele conduz as entrevistas junto com uma especialista em avaliação da UniAlgar, universidade corporativa do grupo, que ministra cursos de capacitação e qualificação profissional.

Também é responsabilidade da área de Murakoshi analisar as respostas dadas pelos conselheiros nos questionários de avaliação e repassar as considerações para o comitê de governança. De posse desses dados, o colegiado — composto de dois membros independentes e três representantes dos acionistas — estuda os pontos críticos e propõe possíveis soluções.

Murakoshi admite que é raro um conselheiro responder negativamente a perguntas como “você acredita que contribui para o crescimento da empresa?”; “é assíduo nas reuniões?”; ou “é participativo?”. Mas, ele explica, essas questões têm uma razão de existir: servem para sinalizar ao conselheiro quais quesitos são importantes para a companhia.


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