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Novo relatório aponta itens que arregalam os olhos dos auditores
Texto padronizado e burocrático do antigo relatório deu lugar a um conteúdo mais analítico, que destaca as matérias relevantes na visão do auditor
Ilustração: Rodrigo Auada

Ilustração: Rodrigo Auada

Os primeiros exemplares do novo relatório do auditor independente já começaram a ser divulgados, e revelam o potencial do documento. O atual modelo é muito mais explicativo: as informações ultrapassam a mera aprovação ou reprovação do auditor sobre o balanço e tratam de questões específicas da companhia auditada. Além disso, o texto padronizado e burocrático do antigo relatório deu lugar a um conteúdo mais analítico, que destaca as matérias relevantes na visão do auditor, como as linhas que envolvem elevado grau de julgamento dos administradores.

O balanço do banco Santander, um dos primeiros nos novos moldes, evidencia as novidades. Até o ano passado, o parecer tinha duas páginas; agora tem nove. O espaço foi em grande parte preenchido pela novata seção “Principais assuntos de auditoria” (PAA). No caso da instituição financeira, seis itens ganharam destaque da PwC, firma responsável pela auditoria.

Um deles se refere à provisão para créditos de liquidação duvidosa. O tema ganhou ênfase, segundo a PwC, por envolver “avaliação de várias premissas e fatores internos e externos, incluindo os níveis de inadimplência e garantias das carteiras, política de renegociação, cenário econômico atual e prospectivo”. Outro item que teve relevo foi a área de tecnologia da informação, já que o banco depende de infraestrutura para processar um elevado número de transações. No relatório, o auditor explica que o setor foi um dos focos da auditoria, dado que os riscos “associados a deficiências em processos e controles que suportam o processamento dos sistemas de tecnologia (…) podem, eventualmente, ocasionar o processamento incorreto de informações críticas, inclusive aquelas utilizadas na elaboração de demonstrações financeiras.”

Por motivos semelhantes, dois pontos mereceram ênfase no relatório da processadora de pagamentos Cielo: o processo de captura, processamento e liquidação de transações e a avaliação do valor recuperável de ativos intangíveis. O documento foi assinado pela KPMG. Já no relatório de auditoria da produtora de celulose Fibria, a BDO realçou o registro dos ativos biológicos mensurados a valor justo, o reconhecimento e a mensuração de ativo imobilizado relacionado a projeto de expansão e também a avaliação de impairment sobre ágio da Aracruz (a Fibria é resultado da fusão entre a Aracruz e a Votorantim Celulose, operação fechada em 2009).

“A parte que trata dos principais assuntos da auditoria é a principal novidade do novo relatório”, confirma Robinson Meira, sócio da área de auditoria da BDO. “São os pontos em que o auditor perde o sono, pois exigem maior foco. Não significa que essas áreas estejam com problemas, e sim que, se houver inconsistência, o impacto pode ser grande”, explica.

Para Valdir Coscodai, sócio da PwC, a curva de aprendizado na produção do relatório é grande, mas o mercado já conta com um relatório muito mais informativo. “É uma oportunidade de aumentar a confiança da sociedade na companhia”, avalia Coscodai, que até 2015 era o representante do Brasil no conselho do International Auditing and Assurance Standards Board (Iaasb), órgão responsável pela emissão das normas internacionais de auditoria.


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Além da seção de PAA, outras mudanças no relatório do auditor merecem destaque. A opinião a respeito do balanço, por exemplo, agora é o primeiro item do parecer, e não mais o último. O documento também passa a conter uma descrição detalhada das responsabilidades da administração e do auditor em relação à continuidade da companhia ou de eventuais dúvidas sobre sua capacidade de manter-se em operação.

Benchmark inglês

O Reino Unido é o principal benchmark mundial quando o assunto é relatório de auditor independente. Os pareceres ampliados vigoram desde 2013 e são acompanhados de perto pelo mercado. No ano passado, o Financial Reporting Council (FRC) divulgou o relatório “Extended auditor’s reports – A further review of experience”, uma espécie de balanço do segundo ano de adoção do modelo, fundamentado na análise dos relatórios das 278 maiores companhias do Reino Unido.

De acordo com a pesquisa, os relatórios são bem avaliados pelos investidores, que destacam qualidades como sinalização clara das questões-chave e informações sobre o resultado do trabalho de auditoria em vez de descrições genéricas do processo. Os leitores ingleses, no entanto, reivindicam ainda mais dados, em especial em relação à materialidade (quesito de divulgação obrigatória no Reino Unido, mas dispensado no Brasil). Eles querem saber que linha de raciocínio sustenta a determinação da relevância das informações e como isso influencia a condução da auditoria.


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