O Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) vai realizar, nos dias 21 e 22 março, uma reunião pública para obter contribuições sobre como garantir maior independência, objetividade e ceticismo do auditor. Uma das medidas que o órgão analisa adotar nesse sentido é um rodízio obrigatório de firmas de auditoria. A ideia, porém, não vem agradando o mercado. Um levantamento feito pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) das cartas divulgadas no site do PCAOB em resposta à audiência pública sobre o rodízio mostra que 92% delas são contrárias à rotação de auditores; 6%, a favor; e 2%, neutras. Ao todo, foram analisadas 609 cartas, enviadas por companhias, comitês de auditoria, associações, investidores, firmas de auditoria, acadêmicos e entidades governamentais. A audiência foi encerrada em 14 de dezembro.
Dentre as 207 empresas que se manifestaram contra a proposta estão o Google, a General Motors, a Procter & Gamble, a Apple e a Microsoft. O Google destaca, em sua carta, que o rodízio obrigatório de firmas de auditoria é uma “solução” em busca de um “problema”, já que a iniciativa tem potencial de gerar uma “grande quantidade de consequências indesejáveis”. A General Motors compartilha essa visão. “Nossas principais preocupações (…) são os potenciais impactos negativos sobre a qualidade da auditoria, os custos maiores para os emissores e os desafios operacionais resultantes disso, além do fato de que o rodízio e a escolha do auditor deveriam continuar sendo responsabilidade do comitê de auditoria.”
Os investidores também duvidam dos benefícios que as medidas possam trazer. “Embora a meta de aumentar a independência do auditor por meio do rodízio seja correta, acredito que os benefícios resultantes disso seriam mínimos”, diz Jack Ciesielski, presidente da R.G. Associates, firma de pesquisa e gestão de investimentos. Para o investidor Duncan Harrison, “o rodízio de auditoria é uma noção tola e mal orientada que cria um conforto irreal de que o problema está corrigido”.
Apesar de controverso, o rodízio mandatório de auditorias tem sido discutido em vários países. Em antecipação aos planos da Comissão Europeia de revisar e ajustar o mercado de auditoria, o governo holandês apresentou um projeto de lei que obriga as companhias a contratarem uma nova firma de auditoria a cada oito anos. O projeto aguarda aprovação do Senado. Se seguir em frente, deve entrar em vigor em janeiro de 2014. No Brasil, o rodízio de auditoria existe desde 1999. Inicialmente, a Comissão de Valores Mobiliário (CVM) exigia que a troca fosse feita em intervalos máximos de cinco anos, mas, em 2011, mudou a regra, permitindo um rodízio mais leve, a cada dez anos, para companhias que cumpram determinados requisitos.
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