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Alta tensão
Importância do auditor interno cresce, mas profissional ainda é coagido a alterar relatórios
Braselino Assunção*

Braselino Assunção*

Não há outro caminho. Num contexto em que as delações premiadas expõem as deletérias consequências das fraudes corporativas, a solução para que exista um ambiente de negócios mais transparente e lícito passa necessariamente pela atuação do auditor interno — profissional que enfrenta pressões cada vez mais intensas. Sua participação na análise de processos e na gestão de riscos pode significar o sucesso ou o derretimento de uma companhia.

Está na auditoria interna o centro de monitoramento holístico de toda grande empresa. A área é integrada por executivos treinados para enxergar descaminhos e erros processuais que retiram competitividade da organização. Trata-se de uma atuação fundamentada no trinômio “investigar, avaliar e propor direções”. Entretanto, unir essas três pontas com idoneidade é missão desafiadora, principalmente porque as investidas são incontáveis e constantes. Recente pesquisa feita em 166 países, divulgada pelo The Institute of Internal Auditors (principal referência para a carreira no mundo), revela que 44% dos auditores brasileiros ouvidos afirmam já terem sofrido, em algum momento, pressão de seus superiores para alterar resultados de relatórios nas organizações em que atuam. Dado ainda mais preocupante: o percentual brasileiro é bem superior à média internacional, de 29%.

Contratar profissionais qualificados e montar departamentos de auditoria bem estruturados são estratégias que ganharam relevância no mundo corporativo. Um dos principais impulsionadores da atividade foi a promulgação, nos Estados Unidos em 2002, da Lei Sarbanes-Oxley, que apertou o cerco às fraudes. Desde então é crescente a valorização da carreira, inclusive no Brasil.

Os investimentos nas áreas de compliance e de auditoria interna — principalmente nas empresas de capital aberto — têm sido satisfatórios, mas a mesma pesquisa do The Institute of Internal Auditors mostrou que, a despeito do aumento da quantidade de auditores certificados no Brasil, estamos longe da média de nações desenvolvidas. Do total de auditores internos associados à seção da América do Norte da entidade (que engloba Estados Unidos, Canadá e países do Caribe), 90% têm algum tipo de certificação reconhecida mundialmente. No Brasil, esse percentual é de apenas 13%.

O estudo também revela que os aportes feitos nas áreas de auditoria têm funcionado como incentivo no mercado de trabalho. No Brasil, 80% dos auditores dizem que pretendem permanecer por no mínimo cinco anos na carreira.

O apoio dos stakeholders e o respaldo da direção da empresa são fundamentais para o trabalho da área de auditoria interna, mas são fatores que perdem força se não existir um time de profissionais preparados e cumpridores de princípios éticos. São necessários investimentos em capacitação e contratação de auditores que sigam as melhores práticas internacionais dispostas no IPPF (International Professional Practices Framework), considerada a bíblia do auditor interno.

Corruptores precisam estar cientes de que, nas empresas bem estruturadas em termos de auditoria interna, há guardiões capazes de evitar perdas milionárias, blindados contra qualquer oferta de propina e imunes a conivência com desvios de recursos.

No passado, o auditor interno era visto apenas como um detetive, que ficava de olho em deslizes de funcionários. O conceito moderno ampliou o papel desse profissional. Agora ele é capaz de gerar valor ao apontar melhorias que chegam à mudança cultural na empresa, e pode deixar claro que atos de corrupção serão coibidos e punidos.


*Braselino Assunção ([email protected]) é diretor geral do Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA Brasil)

 


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