Conselheiros amigos do CEO são menos independentes

Recente estudo elaborado pelos pesquisadores Cesare Fracassi e Geoffrey Tate da Universidade da Califórnia UCLA lança luz sobre um tema-chave de governança corporativa: a definição de conselheiros independentes, incluindo os relacionamentos sociais destes com os CEOs. O trabalho parte da premissa de que CEOs e conselheiros podem estar conectados de várias formas não capturadas nas avaliações tradicionais de independência: podem atuar juntos em outros conselhos, ter trabalhado juntos no passado, ter estudado nas mesmas escolas, ou simplesmente podem jogar golfe nos finais de semana ou desempenharem ações de forma ativa e conjunta em outras organizações como instituições filantrópicas. Foram investigados os possíveis laços sociais por meio de dados biográficos de executivos e conselheiros de 1.500 companhias pertencentes ao S&P 1500 entre 1999 e 2007.

Os resultados são impressionantes: 1) As companhias com CEOs mais poderosos (que acumulavam o cargo de presidente do conselho e que estavam há bastante tempo no cargo) possuem uma probabilidade muito maior de selecionar novos conselheiros ligados previamente a eles de alguma forma; 2) Conselheiros ligados pessoalmente ao CEO possuem uma probabilidade bem maior de comprarem e venderem ações nos mesmos dias que o presidente executivo; 3) Companhias com conselheiros vinculados ao CEO têm uma chance menor de voluntariamente decidirem refazer suas demonstrações financeiras e uma freqüência bem maior de aquisições do que as outras; 4) As aquisições das companhias com mais conselheiros vinculados apresentaram maior destruição de valor; 5) O advento da Sarbanes-Oxley, em 2002, teve efeito nulo sobre a diminuição da freqüência de indicação de conselheiros com laços sociais com o CEO. O estudo evidencia que os conselheiros que compartilham relações sociais com o CEO parecem ter uma propensão substancialmente menor a se oporem ao executivo principal.