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Com taxas convidativas, aluguéis de ações atraem estrangeiros e fundos

, Com taxas convidativas, aluguéis de ações atraem estrangeiros e fundos, Capital AbertoO empréstimo de ações, operação em que um investidor cede os papéis para outro por prazo determinado, mediante recebimento de uma taxa, não pára de crescer no Brasil. Segundo dados da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), o volume financeiro desse tipo de transação alcançou R$ 32,8 bilhões em janeiro, ante R$ 25,8 bilhões no último mês de 2007. Em todo o ano passado, foram R$ 272,4 bilhões, 148,5% mais que o volume registrado em 2006.

Os estrangeiros são os principais doadores dos papéis. Mais de 34% dos empréstimos de janeiro foram cedidos por investidores que não residem no País. Entre os tomadores, a liderança é ocupada pelos fundos mútuos nacionais, responsáveis por quase 54% do total das transações. O interesse dos estrangeiros em ofertar suas ações é explicado pelas altas taxas praticadas no mercado brasileiro. Segundo Wagner Anacleto, diretor de controle de risco e garantias da CBLC, nos Estados Unidos os aluguéis são remunerados normalmente a juros de 0,10% a 0,50% ao ano, ao passo que a média do primeiro mês do ano ficou em 4,05% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Ações menos líquidas podem atingir cifras ainda mais altas. Quem quiser alugar uma ação da Telebrás, por exemplo, precisa arcar com juros que ultrapassam 49% ao ano. O papel da Petrobras, um dos mais negociados no pregão, requer pagamento de 0,93% para o mesmo período.

Além do retorno atraente, a CBLC atua como contraparte garantidora das operações, o que propicia maior confiabilidade e segurança ao mercado. Para fechar o negócio, o investidor precisa oferecer garantias que atingem, em média, 108% do valor do empréstimo. “Nunca houve um caso em que o doador não recebeu seu papel de volta”, afirma Anacleto.

A forte volatilidade do pregão neste início de ano também ajudou a impulsionar os aluguéis. Hélio Pio, gerente comercial da Ágora corretora, afirma que boas oportunidades de trabalhar com operações de “short” surgem nos momentos de turbulência. Neste tipo de transação, o tomador pode obter bons lucros ao apostar na desvalorização da ação que recebeu emprestada. Ele vende imediatamente o papel no mercado e aguarda a sua depreciação para comprar e devolver o título ao doador, embolsando a diferença entre os preços.

Além das oportunidades de ganhos dos investidores, há outro ativo para os aluguéis: os formadores de mercado, agentes que se propõem a garantir liquidez mínima e referência de preço para ativos listados na bolsa. Estes profissionais são cada vez mais requisitados pelas companhias e, muitas vezes, contratados já no IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês). Anacleto, da CBLC, afirma que os formadores de mercado rotineiramente recorrem aos empréstimos para dar conta de suas demandas. “Um dos maiores benefícios do aluguel é a liquidez que ele proporciona”, completa.


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