Catálogo de valores
É hora de preparar o relatório anual e atentar para o que dizem os especialistas no assunto: orçamentos mais modestos podem dar conta do recado e até ajudar a comunicar o que realmente interessa

, Catálogo de valores, Capital AbertoComeço de ano é tempo de divulgação de resultados, preparação para a assembléia ordinária com acionistas e, como de praxe, produção do relatório anual. Peça antiga de comunicação com os acionistas, ele já virou motivo de competição entre as companhias, gastos exorbitantes com a produção gráfica e muita dor de cabeça para os seus encarregados. Se o objetivo desta vez for economizar tempo e dinheiro, consultores garantem que é possível fazê-lo sim, e sem prejudicar o resultado final.

A tendência de usar o relatório para divulgar informações é coisa do passado, afirmam. Para essa finalidade, as companhias já dispõem de veículos como o relatório de administração que acompanha os balanços, o site de relações com investidores, as reuniões com analistas, conferências telefônicas e chats via internet. Na era da informação em tempo real, cabe aos veículos impressos o desafio maior de comunicar os elementos mais recentemente classificados como “intangíveis”. Em outras palavras, os valores, a percepção de futuro e a estratégia que conduzem a administração da companhia.

Moldado sob esses conceitos, o relatório pode ser um instrumento poderoso para formar a imagem da empresa entre os vários públicos a que se destina. Ou para modificar impressões ruins que tenham sido assimiladas por esses públicos. “O relatório precisa ter uma linguagem capaz de interferir na percepção que os seus leitores possuem da companhia”, afirma Valter Faria, consultor especializado em relações com investidores e diretor-presidente da Corp Brasil, escritório de design que trabalha com a produção de relatórios anuais.

Neste sentido, afirma o consultor, vários mitos podem ser derrubados. Entre eles o de que relatório bom é relatório extenso. Pesquisa realizada pelo National Investor Relations Institute (Niri), instituição que congrega mais de 4,5 mil profissionais de relações com investidores nos Estados Unidos, com base em um questionário respondido por 214 companhias em 2002, mostrou que os relatórios anuais têm, em média, 48 páginas, muito menos do que muitas empresas brasileiras costumam exibir nos seus. “Uma comunicação concisa pode ser muito mais eficiente para os seus objetivos do que um acúmulo de informações desorganizadas, que pode até gerar ruídos para o processo”, afirma Faria.

Outro conceito fora de moda é o de que acionistas, investidores e analistas são o principal público dos relatórios. Eles são relevantes, mas não estão mais sozinhos nesta posição. Na pesquisa do Niri, empresas afirmaram que empregados, consumidores e potenciais clientes passaram a ser públicos importantes para os relatórios anuais e que eles já dividem o espaço dos leitores prioritários com investidores e analistas.

O trabalho do instituto mostrou ainda que tem diminuído o interesse das companhias norte-americanas em participar de premiações para relatórios anuais. Em 1996, primeiro ano em que a pesquisa foi realizada, 53% das empresas consultadas participavam de concursos de relatórios anuais. Em 2002, apenas 33% delas aderiam a esse tipo de premiação.

Para Valter Faria, os prêmios têm um papel importante no sentido de estimular o cuidado das companhias com a preparação dos relatórios anuais e de ressaltar a sua importância como veículo de comunicação. Mas podem ser uma armadilha se seus critérios forem seguidos à risca, sem uma avaliação quanto à coerência dos quesitos pontuados na premiação com a realidade da companhia. “Hoje vemos empresas falando de gestão de riscos somente para garantir mais pontos no prêmio, mas sem algo realmente importante para comunicar a respeito”, avalia.

Lélio Lauretti, presidente da comissão julgadora do Prêmio Abrasca de Melhor Relatório Anual, explica que os critérios de pontuação foram estabelecidos com base no mínimo de informações que um relatório deve contemplar. Aspectos relacionados a gestão de riscos e governança corporativa, por exemplo, são alguns deles. “Entendemos que, se a empresa não faz menção a esses assuntos, é porque não dá a menor bola para eles, e por isso não têm sobre o que falar, ou porque não está disposta a abordá-los no relatório. Nos dois casos, acreditamos que a qualidade da informação fica prejudicada”, afirma.


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