Sorriso aberto
Flavio Vargas

relevoO ano de 2014 foi de tristeza para diversas companhias. A Smiles, no entanto, só tem a comemorar. Levantamento feito pela Economatica mostra que, entre as emissoras de ações com volume diário de negociação acima de R$ 5 milhões, a empresa de programas de fidelidade controlada pela Gol foi a que entregou a maior valorização aos acionistas. Seus papéis subiram 78,7%, contra uma queda de 2,9% do Ibovespa. Vice-presidente financeiro da Smiles, Flavio Vargas não se surpreende. “O nosso modelo de negócios é o desejo de dez entre dez investidores”, afirma. Confira abaixo sua entrevista à Relevo.

Educando o investidor
“O bom desempenho em bolsa da empresa deve-se, entre outros fatores, ao fato de os investidores terem começado a entender o que é a Smiles. Para eles, é fácil analisar uma varejista, porque já estão acostumados com o setor. Mas o nosso segmento tem muito menos companhia para eles se debruçarem sobre o modelo de negócio. No resto do mundo a realidade também é essa. Por isso, nos focamos em fazer um trabalho educacional com investidores e analistas. Se eu pergunto como o Walmart gera receita, a resposta é imediata; se eu faço essa mesma questão em relação ao Smiles, nem todoW mundo sabe responder.”

Ganha primeiro, gasta depois
“A Smiles é uma companhia muito diferente da Gol, cuja operação é altamente complexa, envolve mais de 16 mil funcionários, tem margem apertada e está exposta a diversos fatores de risco. Nós contamos com 90 funcionários, temos uma rentabilidade operacional na casa dos 40% e operamos com um capital de giro negativo. Isso porque, à medida que o usuário do cartão de crédito, por exemplo, troca seus pontos por milhas na Smiles, eu recebo do banco o dinheiro referente à quantidade de milhas que ele transferiu. Enquanto o cliente não fizer o resgate, eu não preciso desembolsar recursos para comprar o prêmio dele. É totalmente diferente de uma varejista, que precisa investir milhões para montar a loja e encher as prateleiras, para então começar a vender e receber dinheiro. Nesse momento de turbulência, uma empresa como a Smiles é premiada pelos investidores.”

Anticrise
“Outro aspecto positivo na atual conjuntura é a estrutura de custos fixos enxuta. Basicamente, estas despesas são com funcionário, tecnologia e aluguel da sede. Outra vantagem é o fato de, na maior parte dos contratos, a venda de milhas estar denominada em dólar. Assim, com real desvalorizado, o preço unitário sobe, o que significa mais potencial de expansão de margem.”

Conflitos de interesses
“No IPO, nos preocupamos em montar uma estrutura que garantisse a independência entre Gol e Smiles. Um primeiro passo foi colocar, no estatuto social, que as transações com partes relacionadas deveriam ser aprovadas por um comitê independente, a fim de dar um conforto ao investidor de que os negócios firmados entre Gol e Smiles são justos e ocorrem a preços de mercado. Além disso, temos no conselho de administração a General Atlantic, que é um investidor relevante na companhia e tem poder de veto nesse tipo de transação.”

Dependência do consumo
“O principal vetor do crescimento da Smiles é o aumento do uso de cartão de crédito. É obvio que a ampliação desse segmento é influenciada pelo PIB, mas entendemos que seu desempenho hoje está muito mais ligado às mudanças nos hábitos de compra do brasileiro. A substituição do uso de dinheiro e cheque por cartão e a adesão da nova classe média ao produto têm garantido um crescimento das transações com cartão de crédito na casa dois dígitos”.

Concorrência
“Dentro do setor de programas de fidelidade, há dois segmentos: o de passageiro frequente — e, nesse caso, a condição necessária para atuar é possuir uma empresa aérea parceira; e o de coalizão de varejo [troca de pontos por produtos e serviços no setor], que é onde a Livelo [a ser lançada por Banco do Brasil e Bradesco] pretende atuar. No primeiro nicho, acredito que os players já estão definidos, uma vez que a barreira de entrada é grande, e o que pode se acirrar é a competição. No segundo, a perspectiva de ingresso de novos players é maior. Nós apostamos nesse nicho por meio da Netpoints, na qual a Smiles tem participação de 21%”.

Foto: divulgação


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