RJCP atinge 45% de free float sem oferta; Bolsa estuda exigências

Companhia aberta e listada no segmento tradicional da BM&FBovespa desde julho de 2011, a gestora de venture capital RJCP nunca realizou uma oferta pública de ações. Nem mesmo a oferta inicial, o chamado IPO, na sigla em inglês. Mas isso não significa que ela tenha deixado de formar uma ampla base de acionistas. Atualmente, 45% do seu capital social está em circulação, em poder de 1.475 investidores pessoas físicas, seis pessoas jurídicas e 11 institucionais, conforme os dados do Formulário de Referência. No mês passado, a companhia realizou seu primeiro aporte de capital feito exclusivamente pelos minoritários. Os acionistas receberam bônus de subscrição e tinham até o fim do mês para dizer se injetariam novos recursos na companhia.

Na listagem, Marcelo Bastos, controlador da RJCP, atribuiu uma cotação às suas próprias ações e começou a vendê-las. No primeiro dia, cobrou R$ 0,72 por papel e fechou um único negócio, transferindo 2.500 ações, no total R$ 1.853. A segunda transação veio três dias depois, pelo mesmo valor, mas com volume maior: R$ 15 mil. Três meses após a oferta, o movimento acelerou, e as ações passaram a ser negociadas todos os dias. Do dia 17 de outubro de 2011 a 23 de janeiro de 2013, foram realizados, em média, 241 negócios diariamente. O volume financeiro médio nesse período foi de R$ 448 mil.

Ao dispensar a oferta pública, a companhia abre mão da formação de preço inicial por meio da coleta de intenções de compra (bookbuilding), mas também poupa os gastos com a elaboração de um prospecto e com a remuneração dada aos assessores financeiro e legal. Em vez de procurar investidores e planejar a alocação da sua base acionária, o emissor espera o comprador manifestar interesse e a liquidez se formar. “É uma oportunidade para a empresa de pequeno porte encontrar seu público investidor sem uma ampla distribuição”, avalia Bastos. Em sua visão, o modelo é eficiente para companhias que atuam em nicho, como a RJCP.

A BM&FBovespa, no entanto, pretende dificultar a vida das empresas que se listam e negociam ações sem fazer oferta. Uma das possibilidades é exigir dessas companhias uma cotação inicial mínima superior a R$ 1, conta Carlos Alberto Rebello, diretor de regulação de emissores da BM&FBovespa. O baixo valor unitário atrai compradores, mas também os sujeita a oscilações bruscas. No caso da RJCP, o primeiro negócio saiu a R$ 0,72; em 22 de janeiro, o papel valia R$ 0,02, uma queda de 97%.

Outra preocupação de Rebello é com o nível de transparência dessas empresas. Companhias pré-operacionais que fazem oferta pública são obrigadas a divulgar, além do prospecto, um plano de negócios. A exigência faz parte da Instrução 400, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O projeto da Bolsa é passar a exigir o plano de negócios também para empresas pré-operacionais que se listem sem fazer oferta — exatamente o caso da RJCP, que ingressou no pregão antes de fazer seu primeiro investimento de venture capital.

Desenvix e Senior Solution também se listaram em bolsa sem fazer oferta pública. Em ambos os casos, porém, as ações não foram cotadas para negociação. Bastos, da RJCP, afirma já ter atingido o ponto de liquidez que desejava. Sua intenção é interromper a oferta de papéis ao mercado.


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