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Quem tem sócio tem patrão

A receita para ter o sócio perfeito não existe. Mas não custa arriscar aqui um palpite de mistura: entre outros ingredientes que nunca podem faltar numa sociedade, some valores e crenças comuns, subtraia vaidade e egoísmo, multiplique capital e trabalho, divida o resultado e conte com uma tremenda pitada de sorte.

Tem empresário que não gosta de sócio, nunca teve sócio e está convencido de que não precisa de um. Não importa quais as razões. Vive e trabalha feliz. Prefere continuar assim.

Tem empresário que sempre quis ter sócio. Acredita que muitas são as razões para ter um sócio e está sempre em busca de um. Mas não de um sócio qualquer. É exigente. Procura o sócio certo, que agregue valor ao negócio.

Tem empresário que não tem escolha: ou arruma um sócio ou terá dificuldade para tocar o negócio, enfrentar a concorrência, manter ou ganhar mercado, sobreviver no cenário atual. Ter um sócio é algo inevitável. Sócio ou morte. Nessa circunstância, a procura pelo sócio é permeada de ansiedade. Ele sabe que o sócio ruim tem a capacidade de tornar a sua vida miserável e que o bom sócio potencializa a chance de bilhete premiado e sucesso.

Quem procura um sócio normalmente quer alguém que o complemente. E que, juntos, fiquem mais fortes.

Mas o sócio ideal existe? Onde encontrá-lo?

Uma alternativa é tentar um sócio private equity. Fundos de private equity contam com escritórios e equipes no Brasil e disputam entre si as boas oportunidades de investimento. Têm dinheiro e, por via de regra, querem sócios.

Para quem quiser um sócio private equity, o primeiro desafio é encontrar um que combine com você. Os gestores dos fundos de private equity têm suas peculiaridades. São diferentes em filosofia, perfil e tamanho de cheque. Uns querem tudo, alguns o controle e outros apenas uma posição minoritária.

Para quem vende a empresa toda, a quantidade de dinheiro costuma ser o fator mais importante. E, se o vendedor puder ainda ficar livre de responsabilidades pelos assuntos do passado, tanto melhor.

Por outro lado, se o desejo é permitir o ingresso de um sócio, ainda que seja um com perfil de investidor financeiro, o dinheiro conta, mas não é tudo — quase todos os investidores desse tipo têm dinheiro, em maior ou menor escala. Outros atributos de sócio também precisam ser levados em consideração. Escolher bem um sócio é mais do que meio caminho andado para o sucesso.

Por isso, o segundo desafio é conhecer as pessoas candidatas a sócio e as suas verdadeiras intenções. Faça as perguntas. Conte as coisas. Depure. Decante. Confirme a experiência. Ponha a intuição para funcionar. Controle a ansiedade antes de fazer a escolha definitiva.

Feita a escolha, o terceiro desafio é combinar bem o que se pretende e contratar da maneira adequada, com segurança. Capriche no acordo de sócios. Ele será o plano de voo em tempo bom com céu de brigadeiro e também nas intempéries. A regra de convivência e o mapa a respeito de como fazer uma separação precisam estar lá. Ninguém gosta de tratar de situações de ruptura no momento em que a sociedade está sendo formada, mas a vacina tem caráter preventivo e é para o bem de todos.

Assinados os contratos, o quarto desafio é viver a dinâmica do dia a dia e cuidar da relação (e também do negócio, obviamente). O exercício da convivência entre sócios requer comportamento cuidadoso: dar atenção, dar satisfação, prestar contas, saber falar, saber ouvir, ter projeto comum, alinhar interesses, motivar, ser correto, ser coerente, ter paciência, buscar afinidades e consenso, e muitas outras práticas. Não é por outro motivo que sempre se repete que quem tem sócio tem patrão.

Sócios que gostam de confronto e têm menos jogo de cintura para a convivência provocam desgaste e tensão. Quando esse é o caso, paciência. Um dos meus sócios diz que o caminho ao céu é cheio de sapos e que temos que saber engolir alguns para chegar lá.

Um sócio tem que respeitar o outro. Especialmente o sócio que se comporta bem e dá bom exemplo merece ser respeitado pelos demais. Respeito é palavra de ouro da convivência, mesmo que falte química e/ou admiração entre os sócios.

Fundado em 1942, Pinheiro Neto Advogados é um dos maiores escritórios de advocacia da América Latina e um dos mais tradicionais do Brasil. Possui unidades em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, conta com 147 correspondentes em todo o País e atua em todas as áreas do Direito. Venceu os prêmios Melhor Escritório da América Latina em 2010 e Melhor Escritório do Brasil em 2011, concedidos pela publicação Chambers Latin America. É o representante brasileiro no Club de Abogados.

Isso tudo independe do perfil ou do modelo mental de cada sócio. Há boas sociedades com sócios meio parecidos e outras igualmente boas com sócios bem diferentes e a diversidade costuma trazer valor para o negócio. Sócios cerebrais, racionais, emocionais, passivos, palpiteiros, construtivos, que conhecem aquele negócio e/ou que conhecem negócios de uma maneira geral podem formar parcerias vitoriosas. Com respeito mútuo, pessoas com esses vários estilos têm sido sócias e convivido em harmonia, discutindo e formando consenso, aumentando valor para o negócio, evitando que decisões em temas relevantes produzam vencedores e vencidos no ambiente da sociedade.

Quando um dos sócios é fundo de private equity, o sucesso significa o negócio prosperar e acontecer um evento de liquidez desejado e pelo valor justo, que por definição é um valor superior ao do investimento original. Nesse cenário, brota o sentimento recíproco de missão cumprida, de que todos acertaram na escolha dos sócios desde o primeiro encontro. O clima, não poderia ser diferente, é de comemoração.

Situação oposta ocorre quando aparece um obstáculo gigante no caminho da empresa ou da relação entre sócios. Quando não há mais comunicação saudável. Quando ninguém se entende, nem quer mais entender. Quando o acordo de sócios é tirado da gaveta e os sócios só pensam em briga, para sair ou para ficar, desde que sem o outro. Nesse contexto, errar é do jogo e ter a coragem para mudar com inteligência o rumo das coisas passa a ser a conduta mais valiosa a ser adotada. Geralmente, pequenos obstáculos malcuidados ao longo do tempo se transformam numa muralha que depois ninguém consegue tirar do caminho. Terminar uma sociedade nunca é procedimento fácil; gera desgaste e deixa gosto ruim, mas melhor um final horroroso do que um horror sem fim.

As semelhanças entre uma sociedade na empresa e um casamento não são meras coincidências. Em família e nos negócios, com ou sem sócio, o que se busca é ser feliz. E, em casa e no trabalho, quando é possível ter felicidade e fartura essa combinação fica perfeita.

Tenho 77 sócios. É mais fácil o meu dia a dia com todos eles do que se eu tivesse 77 esposas. Penso nisso de vez em quando e vivo feliz.


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