Uma das marcas mais tradicionais do setor de livros do País, a Saraiva enfrentou turbulências dentro e fora de casa em 2014. A consequência foi um prejuízo líquido de R$ 29,1 milhões no terceiro trimestre, salto de 30,7% em comparação a um ano antes. Na bolsa, o papel apanha: entre 24 de agosto de 2014 e 24 de fevereiro, minguou 72,2%.
Os problemas remontam a 2013. Naquele ano, a Saraiva iniciou uma reestruturação com o objetivo de integrar suas duas áreas de negócios (varejo e editora), reduzir custos e focar atividades mais rentáveis, como a de sistemas de ensino. Um projeto nada simples. Com faturamento na casa dos R$ 2,4 bilhões, a organização emprega 3.500 pessoas, possui plataforma própria de e-books e opera 116 lojas espalhadas pelo Brasil, além do comércio on-line. Na área editorial, produz conteúdo digital e livros para o setor de educação, em que o governo é um dos grandes clientes.
A tarefa tornou-se mais tortuosa após as saídas do presidente-executivo Michel Levy, em novembro, e do diretor financeiro, poucos meses antes. Ex-Microsoft, Levy fora contratado em outubro de 2013 com a missão de unificar os dois negócios e preparar a companhia para crescer no mercado virtual. Esse nicho responde por apenas um terço das vendas da Saraiva, que sofre a competição acirrada de gigantes como a Amazon, no Brasil desde 2013.
O vaivém de executivos-chave deixou parte do mercado desconfiada quanto ao sucesso da dispendiosa integração. Nos nove meses até setembro de 2014, as despesas operacionais somaram R$ 400 milhões. Esses custos, compara o analista John Ferreira, da Nau Securities em Londres, equivalem a 31% das vendas do grupo, ante uma proporção de 16% e 23% nas principais concorrentes. A dívida líquida chegou a bater em 4,6 vezes o Ebitda. “O maior desafio atual é reduzir as despesas, e não ampliar faturamento”, diz Ferreira.
As dores da reestruturação, combinadas ao menor fôlego do varejo e à perda de negócios com o setor público, forçaram a Saraiva a revisar projeções de desempenho. A estimativa para o Ebitda em 2014 caiu, no fim do ano, para algo entre R$ 110 milhões a R$ 130 milhões, um corte de 40% em relação à previsão de abril. Para Bruno Giardino, analista do Santander, os próximos meses — e talvez anos — trarão obstáculos. “Além de continuar a reforma interna, agora com foco no varejo, a companhia vai enfrentar concorrência acirrada na área editorial”, avalia. Ao que tudo indica, um enredo de emoções aguarda os acionistas da Saraiva.
A escolha das companhias para esta seção é feita a partir de um levantamento da Economática com a oscilação e o volume negociado mensalmente por ações que possuem giro mínimo de R$ 1 milhão por dia. A partir daí, são escolhidas aquelas que se destacam pelas variações positivas e negativas nos últimos seis meses.
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