Empresa pioneira em equity crowdfunding no Brasil, a Broota é resultado do sonho de Frederico Rizzo. Formado em administração de empresas, ele já trabalhou na Natura, na Ideiasnet e na Mãe Terra, além de ter fundado a ONG De Vento em Popa. A ideia surgiu em 2012, quando percebeu que faltava um espaço na internet onde os empreendedores pudessem se conectar, expor seus projetos e, por que não, captar recursos. Dois anos depois, a Broota começou a funcionar, surpreendendo quem duvidava que o aporte coletivo de capital em empresas pudesse ser feito no Brasil. Nesse pouco tempo de vida, mais de R$ 1 milhão foi investido por meio da plataforma. Confira abaixo a entrevista de Rizzo à Relevo.
Primeiros resultados
“A primeira captação feita pela plataforma foi da própria Broota. Em um mês, levantamos R$ 200 mil com 30 investidores, em troca de uma participação de 15%. De lá para cá, 230 empresas se cadastraram; o número de usuários já chega a 5 mil. A quantidade de investidores também vem crescendo. Atualmente, há aproximadamente 500 com interesse em aportar recursos em startups nos próximos três anos. O montante comprometido por esse grupo chega a R$ 15 milhões. Entre as empresas que finalizaram ofertas por meio da Broota está a Cremme [de móveis], a Timokids [aplicativos infantis] e o Impact Hub, de Florianópolis [espaço de “coworking”, escritório coletivo]. Para dar uma ideia, a Cremme atingiu a meta de captação em apenas oito dias, com 12 investidores. Nossa remuneração gira em torno de 7,5% do total arrecadado pelas empresas.”
Aprendizados
“Nós tivemos momentos bem difíceis no começo. A Timokids foi multada pela CVM e a Cremme chegou a ter oferta suspensa pelo regulador, porque não conhecíamos bem os procedimentos para realizar esse tipo de operação [depois, a decisão foi revogada]. Hoje, já conseguimos azeitar o processo e temos uma comunicação muito boa com a CVM.”
Mais liberdade
“Inicialmente, somente startups que contassem com a figura de um investidor âncora podiam arrecadar. Depois, chegamos à conclusão de que essa exigência não fazia sentido. Se a empresa tem condições de captar sem um âncora, então que capte. O que fazemos é deixar essa informação em evidência na plataforma. Quando o projeto tem um investidor líder, ele aparece em destaque. Caso não tenha, avisamos, ressaltando que aquela aplicação é mais arriscada. Outra maneira de o investidor analisar o risco do negócio é verificar quanto a empresa cumpre a lista de diligência que disponibilizamos na plataforma. Ela é baseada nas perguntas e documentos que os fundos de investimento em participação pedem. A ideia, mais para a frente, é que as companhias sejam divididas de acordo com seu nível de governança, como ocorre na Bolsa.”
Perfil do investidor
“A falta de apetite por risco do investidor brasileiro é um dos principais desafios do nosso negócio. Porém, cabe ressaltar que o investidor-anjo presente na nossa plataforma é bem diferente do da Bolsa. Ele não investe para especular. Faz isso porque se identifica com um projeto e enxerga nele um valor. Quando começamos a Broota, somente investidores qualificados podiam participar das ofertas. Hoje, não há mais essa exigência. Qualquer pessoa pode aplicar a partir de R$ 1 mil. A nossa orientação, no entanto, é que invista em pelo menos dez startups, para reduzir as chances de perda.”
Riscos mitigados
“Para o equity crowdfunding dar certo, é fundamental o investidor se sentir seguro contra os riscos de se aplicar em uma sociedade limitada no Brasil. A solução que encontramos foi oferecer a ele um título de dívida conversível. Sendo credor, no máximo, ele perde o dinheiro que aplicou. Não há qualquer corresponsabilidade em relação à empresa.”
Prestação de contas
“No contrato do título de dívida, estabelecemos um patamar mínimo de prestação de contas por parte do empreendedor. Se essa regra for desrespeitada, o investidor pode resgatar o título antecipadamente. Esse mínimo significa relatar a cada quatro meses métricas financeiras, desafios, objetivos alcançados. Nada muito complicado, já que o empreendedor precisa se focar no negócio dele. Não dá para ficar produzindo relatório toda hora.”
Foto: divulgação
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