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Muito risco, pouco resultado
Turbulência global e atraso na produção afundam as ações da petroleira HRT
, Muito risco, pouco resultado, Capital Aberto

Quase um ano após uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) pomposa, em que levantou perto de R$ 2,5 bilhões — a maior captação de 2010 —, a HRT Participações em Petróleo ainda não deu aos seus acionistas o gostinho de uma gota de óleo sequer. A demora em encontrar petróleo na bacia do rio Solimões, na Amazônia, não tem trazido mais do que custos para a companhia e desconfiança para os investidores. O preço da ação da empresa chegou a R$ 825 em 23 de setembro, uma retração de 48,1% no ano e de 31,25% desde o IPO.

O ano já havia começado sob tempo fechado para a companhia, fundada por um grupo de ex–funcionários da Petrobras e especialistas em hidrocarbonetos. As fortes chuvas na região amazônica atrasaram os trabalhos de perfuração dos poços do Solimões, de onde a HRT planeja extrair gás natural e petróleo. Os atrasos não seriam tão relevantes se o local não fosse a principal aposta da empresa no Brasil.

A HRT tem 55% de participação em 21 blocos, numa área de 48,5 mil quilômetros quadrados da bacia do Solimões. A expectativa é produzir 47 mil barris por dia. Contudo, não há prazo determinado para o início da produção. O que já era ruim ficou pior com o agravamento da crise econômica internacional, acenando a possibilidade de queda nos preços das commodities, inclusive do petróleo. Os investidores correram para negócios mais sólidos, que já geram receitas.

O mercado ainda se impacientava com a espera de avanços relevantes nos poços na ocasião da teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre, em 12 de agosto. No mesmo dia, o Santander emitiu um relatório exprimindo sua decepção com as cifras entregues. As despesas de exploração, com a aquisição de uma sonda sísmica em uso no Solimões, foram mais altas do que se previa, e o prejuízo de R$ 53 milhões, mais que o dobro do estimado, segundo Vicente Falanga Neto, analista da instituição. A posição de caixa também teve um pequeno recuo, de R$ 2,3 bilhões para R$ 2,2 bilhões, na comparação com o trimestre anterior.

As notícias do outro lado do Atlântico tampouco serviram de consolo. Na costa da Namíbia, na África, a HRT está em fase de pesquisa e obtenção de certificações. A empresa tem participação em 12 blocos de exploração namibianos, espalhados em uma área de 68,8 mil quilômetros quadrados. “É uma fronteira produtiva muito nova, de potencial gigantesco e alto risco”, diz Felipe Miranda, analista da Empiricus.

O problema é que, ali, a venda de blocos tem ocorrido a preços relativamente baixos, como na transação que envolveu a Chariot Oil & Gas e a British Petroleum (BP), em agosto. Até mesmo a HRT comprou da namibiana Vienna Investments, por valores considerados baixos, participações em empresas com direito à exploração de blocos no país. Parte do mercado entende que esse seria o indicativo de um portfólio de pouco valor, ou seja, de que a região é menos promissora do que a HRT esperava. Lourenço Bastos–Tigre, diretor financeiro da empresa, tenta desfazer essa impressão. Ele argumenta que as cifras são tipicamente baixas porque ainda não há produção na região.

De maneira geral, o setor de commodities vem sendo prejudicado pelas perspectivas de resfriamento da economia global. Tanto é assim que papéis comparáveis também vão mal no pregão. A OGX, empresa controlada pela holding de Eike Batista, igualmente em fase pré–operacional, acumula queda de 40,2% no ano (até 28 de setembro). A Petrobras, a despeito da produção linear, teve retração de 27,12% no mesmo período.

Tendo em vista as perspectivas na Namíbia e no Solimões, a desvalorização da companhia foi exagerada, na avaliação de Miranda. Em sua visão, os números divulgados no trimestre fazem sentido pela característica pré–operacional do negócio. “Mas, diante do cenário de instabilidade, os investidores estão focados na liquidez, abrindo mão das apostas nos fundamentos. Acabam optando por empresas geradoras de caixa, em detrimento de projetos que carreguem a promessa de ganhos no futuro.”

Resta esperar por boas surpresas na campanha exploratória no Solimões. “Nas projeções, está precificada a exploração de gás, mas existe a possibilidade de produção de petróleo”, diz o analista da Empiricus. Na Namíbia, um relatório de agosto da certificadora DeGolyer & MacNaughton, a mesma que faz certificações para a OGX e para petroleiras tradicionais, estimou um potencial de 815 milhões de barris na bacia do Orange. O número elevou para 7,9 bilhões de barris o volume de recursos potenciais da HRT. Quando a companhia abriu o capital, no fim de 2010, essa promessa era de 2,1 bilhões de barris.


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