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Há menos de um ano na Bolsa, Unicasa sofre com queda nas vendas e margens reduzidas

Em abril, a Unicasa estreava na Bolsa. Controladora das marcas de móveis Dell Anno, Favorita, New e Telasul, a empresa gaúcha, com sede em Bento Gonçalves, foi uma das três a realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) este ano. Não se pode dizer, contudo, que tenha iniciado a experiência como companhia aberta com o pé direito. Entre 18 de maio e 19 de novembro de 2012, suas ações registraram queda de 26,08%, enquanto o Ibovespa valorizou 3,6%. Para fomentar a liquidez do papel, a empresa contratou, em agosto, o BTG Pactual como formador de mercado.

Os resultados trimestrais da Unicasa — única empresa do setor de móveis listada na bolsa brasileira — têm decepcionado os investidores. De julho a setembro, a companhia registrou queda de 30,4% no lucro líquido e de 11,7% na receita líquida. A margem bruta encolheu 0,5 ponto percentual, para 41%. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) teve redução de 5,5 pontos percentuais na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Juliana Rozenbaum, analista do Itaú BBA, acredita que o principal desafio da Unicasa é restabelecer sua credibilidade. Na época do IPO, os investidores apostavam na expansão da margem bruta da companhia. A tese era baseada na perspectiva de reajuste abaixo da inflação do preço das placas de madeira, diante da capacidade adicional de oferta do produto. O prognóstico poderia ter se confirmado se, em agosto, o governo não tivesse anunciado a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicável aos painéis de madeira, laminados de alta resistência e de PVC. A medida aumentou a demanda pelas placas de madeira, elevando o preço do material. Segundo Paulo Junqueira, diretor de relações com investidores da Unicasa, a companhia não esperava que a redução do imposto fosse fazer subir o preço do seu principal insumo.

De acordo com ele, ao contrário do que ocorreu no setor de automóveis, o desconto no IPI teve um apelo menos importante nas vendas da indústria de móveis. O efeito líquido para o consumidor final, calculado por Junqueira em 1,5%, é menor quando se considera que parte do desconto foi absorvido pelas revendedoras, especialmente as exclusivas. Neste ano, a marca da Unicasa que registrou maior incremento de vendas foi a Telasul. Voltada para a classe D, ela possui a menor margem. Dell Anno e Favorita têm como público-alvo as classes A e B; e a New, que também registrou aumento de vendas, a classe C.

Adicionalmente, a Unicasa deu um passo em falso ao conceder, apesar do aumento de custos, descontos nas marcas de maior margem com o intuito de impulsionar as vendas. A iniciativa não gerou os ganhos esperados. No terceiro trimestre, corrigindo o rumo, a companhia decidiu reajustar seus preços ao redor de 8%, percentual suficiente para mais do que recompor suas margens.

Outra preocupação da Unicasa é o ritmo da concessão de crédito no segmento de móveis, que, embora esteja reagindo, ainda é menor que o registrado em 2011. No segundo trimestre deste ano, especialmente em São Paulo, a dificuldade para aprovação de cadastros cresceu em razão do maior endividamento das famílias. A situação é inquietante, considerando que 70% das vendas da companhia em São Paulo são financiadas.

A empresa também vive dias de reestruturação. Está reposicionando suas marcas — a New, voltada para a classe C, terá um peso maior —, reorganizando sua estrutura de varejo e criando lojas próprias. A Unicasa encerrou o terceiro trimestre com 947 lojas exclusivas, 61 a mais do que possuía no mesmo período de 2011. Dessas, 463 são Dell Anno e Favorita, 454 New, e 30 Telasul. O crescimento do número de lojas, entretanto, ainda não foi suficiente para compensar as perdas provenientes do fechamento de algumas unidades, especialmente em São Paulo. Nesta cidade, muito representativa no faturamento da Unicasa, ocorreu um gargalo na distribuição. As marcas mais afetadas foram Dell Anno e Favorita. Ambas tiveram queda das vendas de 24,3% entre julho e setembro de 2012.

Para o ano que vem, a Unicasa está mais otimista. Termina de implantar um sistema integrado de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês), que permitirá o acompanhamento em tempo real, em toda a rede de lojas, de indicadores de revendas por marca e região. A ideia é ganhar qualidade na gestão, aumentar a rentabilidade e o retorno por loja, e ampliar as oportunidades de crescimento. Além disso, ao colocar o pé no varejo, com as lojas próprias, a companhia terá a chance de entender melhor as necessidades do consumidor final.

O ânimo da companhia é acompanhado por Juliana, analista do Itaú BBA. Ela considera que, se o cenário para a Unicasa é desafiador no curto prazo, no longo, as perspectivas continuam a apoiar a recomendação atual de “outperform” (desempenho acima do mercado) que ela atribui às ações da companhia.

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