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Evolução e sobrevivência
A tortuosa trajetória do mercado de capitais no Brasil desde os tempos do Império

A saga do mercado de capitais no BrasilJá proclamava Charles Darwin: a sobrevivência dos seres vivos se explica mais por sua capacidade de adaptação ao meio do que por sua força física. O mesmo pode ser dito das organizações e mercados, ainda que não sejam exatamente seres vivos. A tese de A saga do mercado de capitais no Brasil, de Ney Carvalho, segue essa premissa, ao considerar a adaptabilidade o atributo mais relevante do mercado de capitais brasileiro ao longo de sua história. Embora ele seja uma criação de empresas privadas a partir de suas necessidades de financiamento, sempre sofreu forte influência do Estado, seja como financiador, seja como supervisor e regulador.

O livro apresenta uma narrativa histórica, desde a economia colonial até a criação do Novo Mercado na Bovespa. Pode-se entender o mercado de capitais como o “locus” onde a poupança, privada ou pública, encontra boas oportunidades de investimento, quer na forma de renda fixa (dívida), quer na de renda variável (participação direta no capital das empresas). A obra descreve, em paralelo, a saga evolutiva dos espaços de transação desses dois instrumentos — crédito e ações — desde o século 19.

Ela inicia por uma série de pontos interessantes, como a transição da economia agrícola para a industrial (com suas formas de financiamento) e o papel do Rio de Janeiro, capital do País até a metade do século 20. A seguir, acompanhamos a emergência econômica de São Paulo, a era Vargas, com a criação das empresas estatais como vetores de desenvolvimento, e as reformas do regime militar. A partir delas, testemunha-se o período de recrudescimento inflacionário pós-1960, com seus efeitos sobre o mercado, a estabilização econômica do Plano Real e o ressurgimento das captações via bolsa de valores. Esse efeito só foi possível devido a reformas promovidas pela iniciativa privada, como a criação de um segmento de listagem voluntário (o Novo Mercado).

Os percalços experimentados pelo mercado de capitais nacional foram inúmeros; dessa lista não podem ficar de fora o intervencionismo, a insegurança jurídica e as crises financeiras. A despeito da grande evolução registrada em 200 anos de história, ainda se constatam anomalias importantes quando o mercado brasileiro é comparado a outros tidos como de bom funcionamento.

O crédito para empresas representa uma fração do mercado de dívida do Estado, que, devido a seu enorme tamanho e liquidez, acaba limitando bastante a capacidade da sociedade de canalizar poupança local para projetos privados. Mesmo diante desse desbalanceamento, algumas poucas organizações conseguem levantar recursos estrangeiros. No entanto, o fenômeno provocado pelo setor público, conhecido como “crowding out”, impõe um desafio significativo à captação de recursos produtivos. Conforme registra Carvalho, o apetite do governo pela poupança privada pode ser verificado desde a infância do mercado brasileiro de capitais. Mas a saga continua. Já podemos, inclusive, dar nome ao próximo capítulo: “Como aplacar a voracidade do Estado por recursos da sociedade”.

A saga do mercado de capitais no Brasil, Ney Carvalho. Editora: Saint Paul. 288 páginas. 1ª edição, 2014.


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