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Escolhas erradas
Sem registrar lucro desde 2010, Lupatech quer ser mais do que fornecedora da Petrobras

Um jeito de contar a recente história da Lupatech, empresa de equipamentos e serviços do setor de petróleo e gás, é colocá-la no papel de vítima. As aparências ajudam o enredo, mas não refletem com propriedade a condução dos negócios. Principal parceira nacional da Petrobras, a gaúcha Lupatech realizou pesados investimentos em 2007 e 2008, quando o pré-sal emergia como oportunidade de ouro. Só que, desde 2010, seu resultado não sai do vermelho. Os seguidos prejuízos foram influenciados pelo desempenho da estatal, que no ano passado viu o lucro líquido emagrecer 36%, pior resultado desde 2004.

Mas a Lupatech não pode ser considerada exatamente uma vítima das circunstâncias. Como chama atenção Mario Bernardes Junior, analista da BB Investimentos, a empresa deixou de fazer o que qualquer manual de finanças pessoais recomenda: distribuir os ovos em várias cestas.

A Petrobras representava 90% do faturamento da Lupatech.”Foi uma escolha”, diz Bernardes Junior. No terceiro trimestre do ano passado, a Lupatech comemorou vitória em duas licitações para o fornecimento de cabos de ancoragem e uma de válvulas para a Petrobras. A conquista foi anunciada aos investidores na mesma apresentação em que a companhia informou sobre seu endividamento total, de R$ 1,42 bilhão. O faturamento naquele trimestre, porém, havia sido de apenas R$ 171,7 milhões, como lembram os analistas Marco Aurélio Barbosa e Bruno Piagentini, da Coinvalores. A empresa fechou o exercício com prejuízo de R$ 57,4 milhões.

As ações da Lupatech registraram queda de 37,2% entre 31 de julho de 2012 e 31 de janeiro deste ano. Para reverter essa situação, a companhia vem fazendo um ajuste de foco. A tentativa é pulverizar a carteira de clientes para sobreviver ao forte endividamento, tarefa nada trivial.

Desde o fim de 2008, a Lupatech passa por uma grande reestruturação, que ainda não se encerrou. Começou vendendo ativos definidos como pouco estratégicos, ligados à metalurgia. Só no ano passado, o programa de desinvestimentos rendeu R$ 91 milhões.

Vender ajuda a fortalecer o caixa, que anda magro — fechou o terceiro trimestre na marca de R$ 27,2 milhões. Mas, para além do dinheiro, o objetivo é redefinir a atuação da companhia.

No ano passado, a Lupatech aumentou o capital — conseguiu captar R$ 376 milhões — e mudou sua estrutura acionária. A Lupapar, holding que era a sua maior acionista, hoje detém cerca de 6% de participação. BNDESPar e Petros, fundo de pensão da Petrobras, lideraram o processo de capitalização e têm respectivamente 31% e 24,5%. Uma das condições do banco de fomento para a participação nesse processo, salientam Barbosa e Piagentini, da Coinvalores, foi a incorporação da San Antonio Brasil (SABR), empresa controlada pela GP Investimentos. Com essa tacada, a Lupatech mira a atividade de serviços para o setor de petróleo, mais rentável que a fabricação de equipamentos para plataformas, observam os analistas.

O processo foi saudado por alguns, mas visto com cautela e desconfiança por outros. Ainda no segundo trimestre, a analista Paula Kovarsky, do Itaú BBA, escreveu que “apesar dos esforços para aumentar a contribuição dos serviços para a receita total, o segmento representa apenas 27% da receita da Lupatech. Esperamos um aumento no terceiro trimestre, após a incorporação da San Antonio Brasil”.

A melhora, de fato, veio. A receita líquida no terceiro trimestre cresceu 26%, e o faturamento com a prestação de serviço aumentou 103% sobre o segundo trimestre, passando a representar 43,8% do total.

A recuperação, no entanto, é ainda vista com ressalva. Tanto o BB Investimentos como a Coinvalores, por exemplo, não alteraram suas recomendações para as ações da Lupatech. As avaliações estão em revisão, esperando os próximos resultados da empresa. Só a partir daí os analistas poderão cravar se, de fato, o pior já passou.

Ao mesmo tempo em que tenta ajustar o foco, o comando da Lupatech passa por um processo de ebulição. Em janeiro, a companhia anunciou que Ricardo Mollo, diretor de relações com investidores (RI) e financeiro, havia se desligado por motivos pessoais. Na ocasião, o diretor-presidente, Alexandre Monteiro, assumiu também a função de RI. Na sequência, foi a vez de Monteiro deixar a empresa, no dia 18 de fevereiro. O cargo de diretor-presidente passou a ser ocupado por Ricardo Doebeli, e o de diretor de RI, por Thiago Piovesan, que já participava da diretoria da Lupatech. Além de acumular experiência como executivo nas áreas administrativa, financeira e comercial, Doebeli atua há 18 anos em consultorias especializadas em projetos de reestruturação e melhoria de performance. Ou seja, os ajustes continuam.

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