Dose dupla
União de Raia e Drogasil faz surgir uma nova líder no mercado de varejo farmacêutico

A Raia Drogasil — companhia formada da incorporação das ações da Raia S.A., dona da rede Droga Raia, pela Drogasil — foi destaque de alta na BM&FBovespa no segundo semestre, com valorização de 22,24%. A união dessas empresas criou uma nova líder no aquecido setor de farmácias, desbancando a Drogaria São Paulo, segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A relação de substituição dos papéis foi definida de forma que cada ação ordinária da Raia fosse trocada por 2,29 ações da Drogasil.

A operação teve repercussão internacional. A notícia de que as ações da Raia Drogasil (sob o código RADL3) seriam incluídas no MSCI Emerging Markets, um dos principais índices usados para acompanhar a performance de bolsas de mercados emergentes, fez com que, em 16 de dezembro de 2011, os papéis da Droga Raia (RAIA3) e da Drogasil (DROG3) disparassem 5,98% e 5,95%, respectivamente. Desde 19 de dezembro de 2011, apenas as ações RADL3 são negociadas no pregão da BMF&Bovespa.

Mas o principal gatilho da alta consistente foi a fusão. “A empresa que tinha a melhor eficiência operacional (Drogasil) uniu–se com a que possuía o maior plano de expansão (Droga Raia)”, explica o analista da Fator Corretora, Iago Whately. A nova companhia tem 8,3% de participação no mercado, segundo comunicado divulgado para a imprensa. A superdrogaria nasceu com 700 pontos de venda, distribuídos no Distrito Federal e em oito estados, dos quais 480 somente em São Paulo. As duas bandeiras serão mantidas, pois a sobreposição geográfica é baixa — fator que reforça a sinergia entre as empresas.

O patamar alcançado pela Raia Drogasil também a coloca numa situação privilegiada na negociação com os laboratórios, ampliando sua força na disputa sobre os preços dos medicamentos. “Como terá maior escala, a companhia poderá conseguir descontos maiores”, lembra Antenor Fernandes, sócio da gestora de renda variável STK Capital, que investe na empresa. Os prognósticos positivos são reforçados pela excelente fase que vive o setor farmacêutico. Na visão do analista da BB Investimentos Nataniel Cezimbra, fatores como os fundamentos sólidos da economia; o aumento da classe média, da renda e do crédito; a queda do desemprego; a maior expectativa de vida da população; e o desenvolvimento de novos tratamentos médicos fortaleceram a trajetória de alta da companhia. “A empresa é menos vulnerável ao ambiente macroeconômico e possui vetores próprios que vão garantir sua expansão nos próximos anos”, completa Fernandes.

Antes de se juntar com a Drogasil, a Droga Raia estava em plena forma. No segundo trimestre de 2011, obteve lucro líquido de R$ 23,4 milhões, um incremento recorde de 631,2% em relação ao ganho de R$ 3,2 milhões visto um ano atrás. O resultado foi impulsionado pela aquisição de lojas e pelo reajuste dos preços de remédios no período, o que compensou o aumento das despesas.

O desempenho formidável não foi perdido no terceiro trimestre, quando a companhia somou lucro líquido de R$ 12,3 milhões, seis vezes maior que o resultado registrado entre julho e setembro de 2010. No mesmo período, a Drogasil atingiu lucro líquido de R$ 22,2 milhões, um incremento de 2%, tendo como destaque em sua composição de vendas o avanço da participação dos segmentos de cosméticos, higiene pessoal e medicamentos genéricos.

Por trás dos bons números, estão ainda as mudanças na regulação do setor, que reduziram a informalidade e beneficiaram as grandes redes, mais profissionalizadas. Práticas como sonegação de impostos e desrespeito à legislação trabalhista e a exigências sanitárias são comuns no setor farmacêutico. No entanto, esse cenário vem apresentando melhora. Desde 2008, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é recolhido antecipadamente pelos fabricantes ou importadores. Dessa forma, o imposto passou a ser embutido na venda do laboratório para o varejista.

O crescimento do mercado de genéricos também favoreceu os negócios da Raia Drogasil, pois a margem desses medicamentos é muito maior do que a de remédios patenteados. Segundo a Pró Genéricos, associação das indústrias do setor, o Brasil é o país que mais avança nesse segmento. Com uma taxa de crescimento de 35% anual, supera índices europeus, que variam de 5% a 6%. Além disso, na comercialização de medicamentos genéricos, a maior parte do lucro fica com a farmácia.

“A fusão é recente, e os resultados virão aos poucos, em um processo de consolidação que vai se desenrolar durante o ano de 2012. É no longo prazo que poderá ser extraído o máximo dessa integração”, salienta Fernandes, da STK Capital.

Da mesma forma, Cezimbra, da BB Investimentos, só consegue ver benefícios na fusão. Para ele, a mudança no perfil de vendas das drogarias, que reforçaram os itens de higiene, perfumaria e cosméticos, e o aumento do fluxo de pessoas que optam pelas farmácias para uma compra rápida em detrimento do supermercado aparecem como um driver positivo. “Esses produtos têm tomado proporções cada vez maiores nas receitas do setor farmacêutico”, explica.

, Dose dupla, Capital Aberto


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