Dinheiro no campo
Certificados de recebíveis agropecuários, como os emitidos por Syngenta, Bunge e Octante, despertam a atenção da pessoa física

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Em um ano, a taxa Selic caiu de 11,5% para 7,25%, e o juro real para menos de 2%, considerada a inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,84%. Sem saída, os aplicadores partem para diversificar suas posições. Vistos com desconfiança pelo investidor pessoa física, em razão da volatilidade do setor e do pouco conhecimento a respeito desse tipo de papel, os certificados de recebíveis agropecuários (CRAs) começam a ganhar outro status. Em operação inédita, Syngenta, Bunge e Octante, três empresas ligadas ao agronegócio, conseguiram captar R$ 85,5 milhões com os CRAs, numa operação cuja demanda foi 170% superior à oferta. Os títulos foram adquiridos por 211 pessoas físicas, ao valor de R$ 300 mil cada.

“Entendemos que há uma carência desse tipo de produto no mercado, com características de prazos mais curtos, até dois anos, prêmio atrativo e isenção de Imposto de Renda para o investidor pessoa física”, afirma Martha de Sá, sócia da Octante. No total, foram colocados, para distribuição pública, 285 CRAs seniores, no valor de R$ 85,5 milhões, e mais 15 CRAs subordinados, por meio de esforços restritos de colocação, no total de R$ 4,5 milhões.

A emissão dos títulos ficou a cargo da Octante Capital, e os recebíveis do agronegócio, lastros da operação, tiveram origem em transações da empresa de biotecnologia Syngenta. A XP Investimentos foi a responsável pela distribuição dos papéis. O valor nominal unitário de CRAs para investidores qualificados é R$ 300 mil.

A rentabilidade oferecida pelos CRAs seniores é de 109% do certificado de depósito interbancário (CDI) obtido no período. A aplicação ainda conta com a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos, conforme a Lei Federal 11.311, de 2006. Os certificados emitidos passam a compor o mercado secundário, abrindo novas oportunidades de negociação e de performance dos títulos.

O CRA é um título de crédito nominativo, de livre negociação, representativo de promessa de pagamento em dinheiro, emitido por companhias securitizadoras do agronegócio. Conta ainda com isenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e não exige definição do destino do montante captado.

As empresas recorrem a esse tipo de operação para obter recursos com objetivos que vão desde recomposição de caixa até ações estratégicas. Com isso, conseguem realizar uma rápida captação a custo baixo e reduzir o risco de crédito, por excluírem do balanço operações que podem comprometer seus limites de endividamento.

O lastro de um CRA pode ser uma variedade de recebíveis tais como notas promissórias, certificados de depósitos e cédula de produto rural. A operação foco dessa reportagem consistiu, em resumo, na emissão de certificados de direitos creditórios do agronegócio (CDCAs) por quatro distribuidores da Syngenta (Fiagril, Sinagro, Agrocat e Agrícola Panorama) lastreados por recebíveis gerados em trocas de insumos por colheita futura (operação de Barter). A Octante, então, emitiu os CRAs com lastro nestes CDCAs. Para apoiar o lançamento dos títulos, a Bunge entrou como investidora, adquirindo CRAs subordinados.

Para garantir o integral cumprimento das obrigações, principais e acessórias, essa operação contou com apólice de seguro de crédito comercial geral. A apólice recebeu classificação de risco “A” em escala global, com perspectiva estável, atribuída pelas principais empresas do ramo, Standard & Poors, Fitch Ratings e Moody’s. Os cuidados e as características da operação garantiram credibilidade aos CRAs seniores, atingindo a classificação “AAA” pela Fitch Ratings.

As emissões de CRAs no mercado nacional passaram, segundo a Cetip, dos R$ 328,6 milhões em 2011 para R$ 361,7 milhões no ano passado. O aumento reflete a necessidade de fontes alternativas de financiamento da cadeia produtiva do agronegócio e, nesse contexto, o CRA é tido por muitos especialistas como a promessa de ser o principal provedor de financiamento das empresas do setor nos próximos anos.

“Para 2013, esperamos um aumento do número de ofertas e de volumes emitidos à medida que, de um lado, as empresas estão mais preparadas e entendem o benefício estratégico que o CRA pode lhes gerar; e, de outro, os investidores pessoas físicas estão direcionando sua alocação de recursos para produtos de crédito, especialmente os isentos de Imposto de Renda, e se familiarizando com o CRA”, diz Martha.


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