Operadora de um dos maiores mercados acionários dos Estados Unidos, a Direct Edge está disposta a competir com a BM&FBovespa no Brasil. Em novembro, William O’Brien, seu CEO, anunciou o plano de colocar em funcionamento, até o fim de 2012, um novo pregão no País, baseado na cidade do Rio de Janeiro. “A economia brasileira é uma das que crescem mais rápido no mundo, e acreditamos que uma segunda bolsa de valores no País irá aumentar ainda mais a participação de investidores, com uma concorrência que leva à inovação e à melhoria de preços”, disse O’Brien em teleconferência com a imprensa.

Além dos aportes financeiros e do atendimento a exigências regulatórias, um outro desafio já se apresenta à frente da Direct Edge: a definição do sistema de compensação, liquidação e custódia dos ativos negociados em seu mercado. A BM&FBovespa é dona do único sistema que presta esses serviços no Brasil, mas não se mostra nem um pouco interessada em trabalhar com a possível concorrente. Segundo Edemir Pinto, presidente da companhia, a Bolsa brasileira estará ocupada, até o fim de 2012, com mudanças tecnológicas para melhorar seus próprios sistemas. “Nesse período, se alguém vier a mim e pedir para usar os nossos serviços, não vou ser capaz de ajudar”, afirmou em nota.

Sem contar com a BM&FBovespa, a Direct Edge terá duas possibilidades. Além da alternativa de constituir uma nova câmara de compensação, algo que exigiria investimentos elevados, poderá buscar um outro parceiro nessa área, no Brasil ou no exterior. Seja qual for o caminho, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) terá de aprovar o modelo. “Não abrimos mão da transparência em todas as operações, algo que quase não existe no mercado internacional”, ressalta Otávio Yazbek, diretor da autarquia.