Enquanto o mercado de ações esteve em alta, os clubes de investimento se mostraram instrumentos eficientes de captação de clientes pessoas físicas. Chegaram a haver quase 3.200 deles em funcionamento em julho de 2010, com mais de 150 mil investidores — o equivalente a um quarto do número de pessoas físicas presentes atualmente na BM&FBovespa. Mas o período de estrelato aparentemente ficou para trás. Nos últimos três anos, o número de clubes recuou mais de 40%. Seus cotistas não chegam a 60 mil. E, tão longe quanto a vista alcança, não há perspectiva de mudança nessa tendência. “O desempenho da bolsa há tempos não atrai pequenos investidores”, explica Rafael Giovani, diretor comercial da corretora Um Investimentos.

Além disso, questões regulatórias também têm diminuído o interesse por esse tipo de aplicação. Em 2011, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a Instrução 494, que tornou mais rígida a regulamentação. Ela reduziu de 150 para 50 o número máximo de participantes dos clubes, estabeleceu a obrigatoriedade de realizar assembleia anual de cotistas, aumentou de 51% para 67% a parcela mínima de investimento em ações, tornou obrigatória a divulgação de demonstrações financeiras e incluiu até a possibilidade de auditoria externa dos números. “Tudo isso faz os custos se elevarem e a atratividade dos clubes diminuir”, resume Eduardo Glitz, da corretora XP Investimentos.

Na norma, a CVM também vedou explicitamente a gestão de clubes por agentes autônomos, uma prática comum antes da edição da 494. Segundo participantes do mercado, esses profissionais costumavam criar clubes, dos quais também eram cotistas, para reunir seus clientes num ambiente só. Eles não necessariamente tinham entre si qualquer vínculo, como de trabalho ou de família — uma condição para a abertura de clubes. “A nova regra acabou com as brechas e trouxe os clubes novamente para sua função original”, diz Giovani. Ainda que às custas do fechamento de muitos deles.