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Caminho perigoso
Negociações ultravelozes aumentam o impacto em caso de acidentes

Complexidade e conectividade. Essas duas características das negociações ultrarrápidas por algoritmos tornam a rede do mercado financeiro mais vulnerável a crises. Redes são compostas de vários pontos interligados por meio de operações e relações diretas ou indiretas. No mercado financeiro, as pessoas físicas, os fundos de investimento e os bancos são esses pontos; as ligações entre eles são as aplicações. Nesse contexto, o grande problema da prática conhecida como high frequency trading (HFT) é que ela faz com que perturbações se espalhem de maneira acelerada demais.

, Caminho perigoso, Capital AbertoTeoricamente, uma rede segura é aquela cujas conexões são distribuídas aleatoriamente e na qual a probabilidade de haver uma relação direta entre um ponto e outro diminua conforme a distância entre eles aumenta. Sendo assim, se uma das ligações se romper, o restante dos pontos vai manter–se unido. Em redes aleatórias, os pontos periféricos, tais como bancos e corretoras, não levariam perigo ao centro nervoso do mercado. Isso não ocorre no mercado de ativos atual. Todos os investidores — das pessoas físicas aos grandes fundos — estão conectados. Eles utilizam as mesmas invenções financeiras, apesar de a nomenclatura delas variar. Trata–se de uma estrutura disposta de maneira não aleatória e com pouca restrição de negociação entre agentes de características e pesos diferentes.

Para uma rede não aleatória, como é o mercado financeiro, a falência de uma corretora ou o movimento de um pequeno banco não se faz sentir de imediato. Mas essas pequenas oscilações vão se propagando e se amplificando. Nesse sistema, no instante em que ocorre um problema em um ponto central e com diversas conexões, sente–se um grande baque. Foi o que aconteceu em 2008, quando apenas o banco Lehman Brothers, que era um ponto periférico da rede, quebrou e acabou espalhando sua crise para outros investidores, ligados a ele por várias operações financeiras.

Operações muito velozes fazem com que qualquer alteração viaje, em segundos, de um grande fundo até um investidor simples, na ponta da cadeia. Ao perceberem oscilações e movimentos de queda nos ativos, os investidores costumam romper a sua conexão com a rede, deixando de investir ou esperando um melhor momento — o que evita catástrofes maiores e grandes perdas de dinheiro. Os computadores, entretanto, não têm esse sentimento de perigo ou o bom senso de se desligarem. Além disso, não é possível prever todos os acontecimentos do mercado e ter uma resposta adequada para cada um deles.

Quando algo improvável ou inesperado acontece, os robôs saem do controle tão rapidamente que, até o cérebro humano perceber e entrar em ação, será tarde demais. Foi assim no chamado Flash Crash, de 6 de maio de 2010, quando o índice Dow Jones caiu 600 pontos em menos de 10 minutos.

As fabricantes de software para HFT e seus usuários defendem a ideia de que a volatilidade é boa e traz estabilidade para os mercados. Mas a realidade não é tão simples assim. O mercado financeiro não consegue se regular prontamente diante de uma grande e brusca alteração. Prova disso é a recente flutuação das bolsas europeias, que, após a popularização da alta frequência, chegam a subir 4% num dia e cair 3% em outro, sem fundamentos que sustentem essa movimentação. O uso da alta velocidade tende a fazer que o impacto de uma queda seja maior.


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