Intocado desde seu lançamento, em 2009, o Tokyo AIM, segmento de listagem para pequenas e médias empresas da Bolsa de Valores de Tóquio, finalmente desencantou. Em 15 de julho, a Mebiopharm, companhia de biotecnologia focada em tratamentos de câncer, fez sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no novo espaço. O anúncio foi um alívio não só para a bolsa japonesa, mas também para a de Londres, que atuou como parceira na inauguração do Tokyo AIM. Depois de dois anos sem receber um único pedido de listagem, esse mercado já era visto por muitos como um total fracasso. “Estamos preparados para ser pacientes. O segmento para pequenas e médias empresas de Londres também não decolou de um dia para o outro”, ressalta Yutaka Ito, CEO do Tokyo AIM. O executivo está confiante que a abertura de capital da Mebiopharm servirá de incentivo para outras companhias japonesas.

“Escolhemos o Tokyo AIM pela sua flexibilidade e rapidez no processo de listagem”, afirmou Tadashi Fujisawa, presidente da Mebiopharm, em entrevista coletiva.

As companhias listadas no Tokyo AIM não precisam se adequar à Sarbanes-Oxley japonesa (conhecida como J-SOX), nem publicar balanços contábeis trimestralmente. O cumprimento das regras é garantido pelo Nominated Adviser (Nomad), agente responsável por auxiliar as empresas no processo de listagem e assegurar que sigam as normas exigidas pela bolsa.
O problema é que, no Japão, a presença dessa figura virou um entrave ao desenvolvimento do segmento. Muitas corretoras que poderiam ser habilitadas para exercer a função temem a responsabilidade que recairia sobre elas. Pesa também o fato de somente investidores institucionais poderem comprar ações de empresas listadas no Tokyo AIM. Alguns deles não têm permissão para adquirir papéis de companhias com baixa capitalização.