A primeira da classe
Kroton vai às compras para se manter como a maior empresa do setor no mundo

A Kroton passou de ano, com louvor. Os resultados expressivos que apresenta nos balanços se refletem no comportamento das ações. Na disputa acirrada que trava com a chinesa New Oriental pelo título de empresa líder da área educacional em valor de mercado do planeta, levou a melhor. Fechou 2012 em primeiro lugar, alcançando R$ 6,2 bilhões.

Na bolsa, é também uma das raras companhias brasileiras com capital pulverizado. Desde o fim de novembro, quando migrou para o Novo Mercado, nenhum acionista (ou grupo de acionistas) detém mais que 24% do capital total e votante.

O último resultado divulgado, do terceiro trimestre do ano passado, mostra um crescimento de 292,1% do Ebitda (geração de caixa) e de 277,8% do lucro líquido ante o mesmo período de 2011. Não à toa, as ações da companhia de origem mineira subiram 151,5% em 2012.

Para Sandra Peres, analista da Coinvalores, a Kroton entregou resultados robustos, “que refletem sua agressividade para fazer aquisições”. Em 2012, a companhia arrematou o Grupo Uniasselvi, de Santa Catarina. Em 2011, já havia comprado a Universidade Norte do Paraná (Unopar), então a maior instituição de educação a distância do País, e em 2010, a rede Iuni, com graduação e pós-graduação e sede em Mato Grosso.

Neste ano, a ideia é continuar crescendo por meio de aquisições. O diretor de relações com investidores da Kroton, Carlos Lazar, define os alvos: investir no Norte e Nordeste (o que não significa que não estejam sendo vistas oportunidades em outras praças), em organizações de ensino de qualidade e que tenham uma marca forte na região em que atuam.

Hoje, a Kroton possui 53 unidades de ensino superior e está presente em dez Estados. São 411 mil alunos no ensino superior, sendo 65,7% em cursos a distância e 34,3%, presenciais. Além disso, o grupo conta com 810 escolas associadas, em todo o Brasil, de educação infantil, fundamental e ensino médio.

A massificação precisa estar aliada à qualidade. Afinal, apenas faculdades ou cursos com nota mínima três (numa escala de zero a cinco do MEC) são elegíveis para o Fies, programa de financiamento estudantil do governo federal. Hoje, 43% dos estudantes da Kroton são do Fies — o maior percentual entre as empresas do setor com ações em Bolsa.

O índice elevado da Kroton é visto com bons olhos pelo mercado. O crescimento do número de estudantes financiados pelo Fies pode ajudar a resolver um problema que, hoje, compromete a rentabilidade futura do setor: o elevado abandono. No Brasil, a desistência em cursos universitários oscila entre 40% a 60%, por classe, só que o custo (professores, por exemplo) é relativamente fixo. Assim, à medida que o abandono “encolhe” o tamanho da classe, a rentabilidade cai.

Thiago Macruz, do Itaú BBA, até desenvolveu um modelo para medir esse efeito ao longo do tempo. A conclusão é que um declínio de 20% na taxa de abandono seria suficiente para fazer a margem Ebitda por sala de aula melhorar 670 pontos-base.

No mesmo relatório em que ele recomenda a compra das ações da Kroton em 2013, Macruz diz acreditar que “o acesso do estudante ao financiamento barato tem potencial para corrigir” essa tendência de redução da rentabilidade do setor. Até porque uma das razões do abandono é mesmo a condição financeira do aluno ou de sua família.

De fato, o acesso ao ensino superior também é fortemente condicionado pela renda das famílias. Não é por acaso que o número de jovens universitários tenha crescido cinco vezes no mesmo período em que o valor médio da mensalidade caiu quase pela metade — de R$ 950, em 1996, para R$ 500, no ano passado.

Ou seja, o aluno que mais abandona é justamente o que pode ser financiado pelo Fies. Aqueles que têm renda familiar de até dez salários mínimos podem ter empréstimos que cobrem até 100% da mensalidade, já para os que têm renda entre 15 e 20 salários mínimos, os empréstimos são de 50% a 75% do valor.

Ano passado, foram aprovados 367 mil novos empréstimos no programa — mais que o dobro de 2011. Mas, como lembra Lazar, o número de estudantes atendidos pelo Fies é baixo quando se leva em conta que existem mais de 5 milhões de alunos matriculados no terceiro grau.

O volume é ainda mais acanhado quando se sabe que, no Brasil, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), apenas 20% dos jovens entre 18 e 24 anos estão na universidade; na França, Espanha ou no Chile, esse número chega a 50%.

Fernando Salazar, Rodrigo Faria e Renato Prado, analistas da Fator Corretora, observam que o segmento mais rentável é o de ensino a distância — liderado pela Kroton. Ali, creem, “o aumento de exposição impacta positivamente a margem Ebitda e a geração de caixa e, por consequência, dá mais fôlego para as instituições elevarem a exposição ao Fies e alimentar o forte crescimento em captação de alunos”.

O cenário em 2013 continua positivo para o setor, segundo analistas. Combina taxa de desemprego baixa e crescente acesso a financiamento barato, contribuindo para um bom comportamento das matrículas e, portanto, das receitas.

, A primeira da classe, Capital Aberto


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