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A passos largos
Netshoes entra para o rol de varejistas bilionárias e pode fazer IPO para expandir operação
, A passos largos, Capital AbertoJosé Rogério Luiz, da Netshoes: entre 2008 e 2012, a receita da empresa foi multiplicada por 20, pulando de R$ 50 milhões para R$ 1,2 bilhão

Mesmo num setor que cresceu fortemente nos últimos dez anos, é difícil encontrar uma empresa que tenha exibido aumento de receita tão expressivo quanto a Netshoes. Especializada na venda de artigos esportivos pela internet, ingressou ano passado no seleto clube das varejistas bilionárias e, em breve, pode também fazer parte de outra distinta agremiação — aquela que reúne companhias de capital aberto.

Rumores de mercado profetizam uma oferta inicial de ações a ser realizada na BM&FBovespa ou na bolsa eletrônica americana Nasdaq. Seria a saída clássica para os fundos de private equity que hoje estão na estrutura acionária da Netshoes. “Se fizer sentido como forma de financiar nossa expansão, a abertura de ca-pital poderá ocorrer”, afirma o vice-presidente de planejamento da empresa, José Rogério Luiz.

Entre 2008 e 2012, a receita da Netshoes foi multiplicada em 20 vezes, saindo de R$ 50 milhões para R$ 1,2 bilhão. Nesse período, a operação da companhia, que chegou a ter sete lojas físicas, já havia migrado totalmente para o mundo virtual. O desempenho das vendas, segundo Luiz, tem relação estreita com o capital de risco. “Os investimentos via private equity fortaleceram a empresa, que quer ser referência em artigos esportivos.” Mas falta ainda reverter o prejuízo na linha final do balanço, que em 2012 alcançou R$ 79,2 milhões.

O primeiro investidor a ter o interesse despertado para o negócio foi o Tiger Global, um dos maiores fundos de risco do mundo, que aportou recursos em nomes de peso da internet como Facebook, Netflix e LinkedIn. No segundo semestre de 2009, os gestores do Tiger Global marcaram uma reunião com os fundadores da Netshoes e apresentaram suas credenciais. Estavam dispostos a investir em uma participação minoritária estratégica para acelerar o crescimento da empresa, que naquele ano teve receita de R$ 150 milhões.

A combinação de aumento do poder aquisitivo dos consumidores brasileiros e expansão do uso da internet chamou atenção também do Temasek. O fun-do soberano de Cingapura, que detém participação no Mercado Livre, reforça assim suas apostas no varejo eletrônico brasileiro. O Temasek adquiriu uma fatia minoritária no capital da Netshoes em agosto do ano passado, por meio da diluição das ações em mãos do Tiger e dos fundadores. De acordo com fontes do mercado, desembolsou R$ 135 milhões.

Além de dinheiro, os investidores trazem para a empresa oportunidades de aprimoramento e abrem as portas de novos mercados. O Tiger Global aproximou a Netshoes tanto de empresários americanos do setor esportivo como de empreendedores do Vale do Silício. Os gestores do Tiger estão por trás, por exemplo, da mudança no serviço de atendimento a clientes da companhia. A troca de produto, antes a cargo de um call center, passou a ser feita pela internet, reduzindo gastos. A chegada do Temasek representa a oportunidade de ter um sócio importante com um pé na Ásia, região que nos últimos anos vem tendo
papel cada vez mais de destaque na produção e design de artigos esportivos.

O ingresso do Temasek no capital da Netshoes coincidiu com o aumento da inadimplência da pessoa física, que chegou a 7,9% em dezembro passado — maior nível desde novembro de 2009, de acordo com dados do Banco Central. A saída foi reduzir a flexibilidade financeira. Se antes era oferecido frete grátis a todas as compras feitas pelo site, agora a entrega gratuita só vale para prazos superiores a quatro dias. Se o consumidor quiser o produto em menos tempo, terá de pagar uma taxa para cobrir os gastos com logística. Outra mudança feita foi em relação a parcelamento no cartão de crédito. O valor mínimo para as compras à prestação passou de R$ 10 para R$ 25. O número de itens vendidos em até 12 vezes também foi reduzido. “Buscamos um crescimento sustentável”, diz o vice-presidente
de planejamento.

No fim de 2012, a Netshoes recebeu aportes de novos fundos de private equity. Entraram para o time o Kaszek, liderado por ex-executivos do Mercado Livre, e a gestora americana Iconic Ventures. O ingresso no capital da Netshoes foi feito por meio da diluição da fatia dos outros investidores – mas com participações minoritárias em relação ao Tiger e ao Temasek. Detalhes sobre a transação não são abertos.

O conselho de administração da Netshoes foi colocado em operação no início de 2010, quando apareceu o primeiro investidor (Tiger Global). Os relatórios mensais de desempenho das vendas passaram a incluir planejamento de curto, médio e longo prazos. “Saímos de uma estrutura informal para outra formal”, conta Luiz. A presença do Tamasek exigiu ajustes na governança corporativa. O conselho passou a ter seis membros (antes eram três), dos quais dois independentes. Um deles é Paul Tagliabue, ex-dirigente da NFL, a liga de futebol americano, que ostenta os comerciais mais caros da televisão dos Estados Unidos. A ideia é que ele contribua com sugestões de como aumentar a receita da empresa com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Para a Netshoes, afinal, a competição está só começando.


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