Críticas à CVM
Investimento estrangeiro pode pavimentar o caminho de setores cruciais para o crescimento do Brasil

O private equity cobre o conjunto de estratégias de inversão no financiamento, direto ou indireto (como o que se dá por meio de estrutura fundiária), de uma sociedade e da atividade empresarial que exerce, seja por capitalização (equity) seja por suprimento (debt), sem o emprego de meios de distribuição pública de valores mobiliários e, portanto, sem acesso a mercados primários e secundários organizados, a exemplo do mercado bolsista. É por isso, e também em razão dos seus longos prazos de maturação, retorno e remuneração, que esses investimentos se dizem ilíquidos. São investimentos particularmente importantes, sob o ponto de vista macroeconômico, quando realizados por meio de capitais estrangeiros, em razão de sua estabilidade, por oposição à instabilidade dos investimentos líquidos, sempre sujeitos, em situações de estresse, a fugas que se mostram, por vezes, catastróficas.

Investimentos pesados pressupõem acentuada previsibilidade de políticas públicas e, sobretudo, coordenação de interesses públicos e privados

O mercado de private equity deverá receber importantes estímulos para protagonizar, nos próximos meses, a atividade financeira no Brasil — à míngua de lucratividade nos investimentos em renda fixa e diante de uma volatilidade acentuada, senão de uma deterioração, no médio ou no longo prazo, do mercado acionário.

Essa será, quem sabe, a oportunidade de pavimentar caminhos para setores que, atrofiados, comprometem o crescimento do país, a exemplo das indústrias de infraestrutura, de bens de produção e de consumo e de energia, ou mesmo de incrementar tantos outros, ainda muito distanciados do desenvolvimento pleno de suas potencialidades. Mas a chance pode se perder, mais uma vez, sob a nossa notória capacidade de repelir investimentos estrangeiros, escorraçados pela burocracia, pela inflação regulatória, pela instabilidade econômica e pela corrupção endêmica.

Investimentos pesados pressupõem acentuada previsibilidade de políticas públicas e, sobretudo, a coordenação de interesses públicos e privados. A articulação, por meio de investimento conjunto, entre as nossas fundações (entidades fechadas de previdência complementar), cujos recursos montam às centenas de bilhões de reais, e as fundações estrangeiras, especialmente as americanas, com trilhões de dólares a sua disposição, esbarra em temores infundados, exigências inaceitáveis e em um regramento impróprio. Os diretores de investimento das fundações brasileiras creem-se, equivocadamente, responsáveis pelos juízos de investimento dos fundos de private equity investidos, exigindo, para mitigar essa responsabilidade, assento nos comitês de investimento. As fundações estrangeiras, por outro lado, não toleram essa interferência na administração dos recursos que legaram a uma gestão profissional. A coisa piora quando se constata que são poucas as fundações brasileiras a contar com especialistas em private equity, que as habilitem a decisões e mesmo à gestão autônoma de investimentos nesse mercado.

O florescimento do mercado de private equity — que também é fundamental à afirmação de empresas emergentes, ao seu crescimento e ao seu eventual acesso ao mercado de capitais (com vistas ao idílico alcance dos fins de financiamento barato da empresa e da “democratização” dos ganhos empresariais) — requer, no Brasil, em meio a profundas reformas regulatórias e gerenciais, o planejamento e a ação do governo e dos investidores institucionais, sobretudo daqueles intimamente associados ao Estado e às razões da política e do poder. Cabe-nos torcer, e trabalhar, para que isso aconteça.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.