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Capital de risco na bolsa
Desvalorização da bolsa torna as companhias abertas atraentes para o private equity

, Capital de risco na bolsa, Capital AbertoNem parecia que o Lehman Brothers havia quebrado no mês anterior. Em outubro de 2008, com os bancos e o mercado acionário fechados para captação, a holding Cosan Limited avisou que estava levantando US$ 200 milhões. Desse montante, um quarto viria do seu controlador e US$ 150 milhões seriam resultado de um investimento do tipo Pipe. Abreviação de Private Investment in Public Equity, o Pipe é um aporte de capital de risco feito em companhias abertas e contratado fora da bolsa de valores.

A gestora em questão era a carioca Gávea Investimentos. Com o aporte, o fundo passou a controlar 14,5% do capital social da Cosan. Em valores da época, cada papel saiu por R$ 10,46. A intenção era melhorar a estrutura de capital da empresa, que havia se comprometido, no início do ano, a comprar a rede Esso, de 1,5 mil postos, por R$ 820 milhões. A aquisição, concretizada em dezembro, transformou a Cosan no primeiro player de energia renovável capaz de explorar desde o plantio da cana-de-açúcar até a distribuição e a comercialização de combustíveis no varejo e no atacado.

Segmentos em processo de expansão e de consolidação são possíveis alvos
de um Pipe

O aporte de fundos de private equity em companhias abertas não é comum no Brasil, mas agora há boas explicações para sua aparição. Uma delas é o amadurecimento da indústria de private equity. Outra, e não menos importante , é o recuo das cotações das ações na bolsa. Instalada a crise, ficou atraente adquirir nacos de companhias abertas. Mas isso não quer dizer que, em momentos de maior liquidez, os Pipes irão desaparecer.

“Segmentos em processo de expansão e de consolidação são os mais propensos a receber um Pipe”, analisa Luiz Eugenio Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCap). Além da cana-de-açúcar, outro setor a se enquadrar perfeitamente na definição de Figueiredo é o imobiliário. Em janeiro deste ano, o fundo britânico Autonomy comprou 16,7% da construtora mineira MRV, listada na Bovespa desde julho de 2007. As partes não revelaram o preço do negócio à época. Na recente oferta pública de ações feita pela construtora, o fundo resolveu vender sua participação por cerca de R$ 110 milhões. A Inpar, também do ramo imobiliário, foi outra companhia aberta agraciada com os recursos de private equity. Em um aumento de capital feito em fevereiro, a companhia levantou cerca de R$ 180 milhões com o fundo internacional Paladin Realty, que passou a deter 49,4% do seu capital social.

“Há mais espaço para melhorias gerenciais nas empresas fechadas. Mas muitas de capital aberto carecem de controles”

O ganho financeiro que o capital de risco traz fala alto na hora de um acordo. Mas não é o único fator a ser considerado pelo controlador para aceitar o negócio. O aprimoramento da gestão também pode ser sentido em companhias de capital aberto. “É certo que em empresas fechadas o espaço para melhorias gerenciais é maior. Mas muitas companhias abertas apresentam carências de controles de contas”, exemplifica Figueiredo.

Por isso é comum a entrada de representantes do fundo no conselho de administração da companhia. Foi o que aconteceu na Estácio Participações, grupo voltado para educação de nível superior. Em maio de 2008, a GP Investimentos comunicou a compra de 20% da empresa, por R$ 259 milhões, também em uma operação do tipo Pipe. Apesar da condição de acionista minoritária, a GP conquistou quatro vagas no conselho da companhia, mesma fatia destinada aos controladores. O órgão ainda conta com dois membros independentes.

A razão por trás da disparidade entre a participação econômica e o poder político tem muito a ver com a forma de costurar os acordos no Pipe. Diferentemente de um fundo de investimentos em ações (FIA), as negociações são feitas fora de bolsa, entre controladores e gestores da carteira. Um investidor que comprasse 20% das ações da Estácio certamente não controlaria 40% do conselho de administração. A decisão de dividir o poder com a GP, assim como de vender 20% da sua participação na companhia, foi da família Cavalcanti, controladora da Estácio, que enxergou o Pipe como uma consultoria de alta performance. A companhia se valorizou. Duas semanas após o anúncio do acordo, a unit da Estácio subiu de R$ 14,37 para R$ 22,7. Não foi só o controlador que viu no Pipe um bom negócio.


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