No último mês de maio completou um ano a fusão entre a antiga BM&FBovespa e a Cetip, maior central depositária de títulos negociados em mercado de balcão em operação no Brasil. Tudo devidamente aprovado por autoridades como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) — organismos encarregados das regulações que poderiam intervir na operação. Creio que o aniversário é uma boa oportunidade que encontro para exteriorizar uma crítica que mantenho em silêncio há um ano.
A operação não representou apenas uma fusão: foi uma mudança de identidade. A empresa gerada passou a ser designada B3, que se refere ao nome Brasil Bolsa Balcão. Na nova denominação abandonou-se o termo “bolsa”, substituído por mera sigla — que, ainda por cima, une apenas uma letra maiúscula e um algarismo, conjunto cujo significado precisa ser explicitado a cada citação.
Existe uma organização internacional que abriga as bolsas de todo o mundo. Chama-se World Federation of Exchanges, que congrega 64 bolsas ou câmaras de compensação de derivativos. Cerca de 90% das entidades usa as nomenclaturas tradicionais “bolsa”, “exchange”, “bourse”, “market”. Apenas um punhado — não mais do que meia dúzia — adota siglas. Mas, nesses casos, usa-se siglas oriundas da síntese de um nome original, como CME para Chicago Mercantile Exchange. O mesmo se repete na Federación Iberoamericana de Bolsas, que engloba 23 bolsas da região. A antiga BM&FBovespa também é a única designada por uma sigla alfanumérica.
A providência segue apenas a burocracia nacional. O novo nome parece placa de automóvel de alta autoridade. O Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro tem até um determinado “siglário”, que apresenta normas para se identificar cada uma das centenas de repartições em que se divide.
Foi uma oportunidade perdida, um marketing negativo, tolo, sem sentido. A identidade poderia ter sido substituída por “Bolsa do Brasil”, ou “Brazilian Exchange”, já que não existem competidoras nacionais. Seria bem mais compreensível e identificável pelo público, e com uma carga semântica muito mais significativa.
Ney Carvalho, historiador e ex-corretor de valores
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